terça-feira, 12 de setembro de 2006

CONTO RELÂMPAGO - Nº 3

A Lamparina
Por Joannes Lemos
Bem nos confins do interior de uma cidadezinha, uma pequena família vivia modestamente, sobrevivendo através do cultivo do café. A humilde e singela casinha não possuía energia elétrica. Mas isso não era problema para Inezita, a mais nova de cinco irmãos. Todos os dias, ela se via ansiosa pela chegada da noite, pois assim poderia fazer a leitura dos livros que pegara emprestados em sua escola, que ficava na cidade. Toda ansiedade existia porque a leitura seria feita sob a luz de sua fiel acompanhante, uma lamparina, que seu pai adquirira na mercearia.
Inezita achava a leitura com a lamparina mais prazerosa, emocionante. As páginas, as letras, como ela mesma achava, ficavam mais bonitas quando estavam iluminadas pela luz amarelada da lamparina.
Mas o que Inezita não esperava aconteceu.
A companhia de serviços elétricos instalou em sua casa a tão sonhada energia elétrica, que seus pais tanto desejavam. Agora, sua amiga de leituras, a lamparina, seria esquecida por todos.
No entanto, Inezita não deu importância para o progresso que acabava de chegar. Todas as noites ia para o canto mais escuro da casa, apagava a lâmpada e acendia a lamparina. Entrava em êxtase ao ver que sua luz preferida ainda brilhava intensamente, e descobriu, definitivamente, que uma das coisas que mais gostava na vida era a escuridão, pois sem ela, não poderia desfrutar das luzes de sua amiga – a lamparina.