sexta-feira, 30 de março de 2007

O PODER DO MOUSE

Por Joannes Lemos

Na segunda metade da primeira década do século XXI, o mundo vive às voltas com vários contratempos. Aquecimento global de um lado, crises financeiras e o perigo das armas nucleares do outro. E, no meio disso tudo, a revolução da comunicação através da internet. Na 1ª Semana de Comunicação da Faesa, um dos temas que mais despertou interesse de alunos e professores foi esse, o jornalismo na era da web 2.0.
Se você ainda não ligou o nome à pessoa, vamos lá. Web 2.0 é a participação dos usuários do meio na construção de novas mídias, ou seja, o próprio internauta colabora na criação e transformação de interfaces da
internet, promovendo a criação de redes sociais. Para exemplificar, temos o Youtube – que teve grande destaque na morte de Saddam Hussein -, que cresce em números de acesso a cada dia, graças aos vídeos postados pelos próprios usuários. Outro fenômeno dessa dita nova era da internet é o Orkut, rede de socialização onde o eu se tornou nós.
Mas não poderia deixar de citar os blogs. Grande parte das pessoas que têm acesso à rede mundial quer deixar sua marca na teia virtual, seja uma marca com um ponto de vista sério ou fútil. Assim, o Blogger e Wordpress viraram epidemia, com tema de tudo quanto é tipo, e gente achando que está fazendo jornalismo. A tendência cada vez maior é a produção de conteúdo informativo ser feita através da internet. Isso se deve, em parte, à vontade de participar da criação de veículos de comunicação.
De olho nesta transformação, os portais de notícias de todo mundo, e também do Brasil, lançaram mão do conservadorismo e criaram sites mais arrojados e com excessos de informação e hiperlinks, que remetem a blogs e afins. Ultimamente, os blogs chegam a receber mais acesso do que portais de grandes mídias. Para não comer poeira, as grandes corporações midiáticas, de olho na internet, tentam criar meios para se adaptar e não perder espaço. Vide o site do Big Brother Brasil, repleto de vídeos, fotos e informações, e com milhões de visitas.
Só no ano passado, foram vendidos mais de sete milhões de computadores no Brasil, segundo o IDC, empresa especializada em consultoria de mercado. Só temos a comemorar, pois quanto mais pessoas tendo acesso à rede, mais democracia na comunicação. Mas como profissionais da informação, devemos nos preocupar. O excesso de informação sem qualidade banaliza e estigmatiza nossa profissão.

quarta-feira, 14 de março de 2007

ARTIGO.COM - Nº 4

A escola no lugar do presídio
Por Joannes Lemos
A sociedade brasileira é o que podemos chamar de ‘expert' nas mazelas da violência. De tempos em tempos, e agora, com certa freqüência, nossas vidas são bombardeadas pela imprensa nacional sobre um novo crime banal. Há pouco mais de um mês, acompanhamos estarrecidos mais um desses acontecimentos, quando, impulsionados pela total falta de humanismo, dois bandidos arrastaram por mais de sete quilômetros o corpo do menino João Hélio, que após um assalto ficou preso ao cinto de segurança do carro conduzido por sua mãe. Um dos envolvidos tem apenas 16 anos.
Momentos depois, a sociedade chocada pedia por justiça e punição para os envolvidos. Mais do mesmo, como já estamos acostumados. Mas desta vez, a pressão por solução foi maior, entrando em pauta uma urgente revisão das leis para efetuar a mudança da maioridade penal do nosso país. Isso fez o Congresso Nacional se mobilizar para votar novas medidas.
Neste momento fica no ar uma pergunta intrigante. Seria possível reduzir os índices de violência com tal medida? É claro que infratores como os assassinos do pequeno João Hélio devem ser punidos. Porém, a solução para diminuir os índices de violência não seria misturar os jovens com todo tipo de bandido. Outras medidas inadiáveis devem ser realizadas no momento.
Uma delas seria colocar em prática o Estatuto da Criança e do Adolescente, pejorativamente conhecido como ECA. Nossos jovens, principalmente aqueles que são vítimas da ausência de políticas públicas, necessitam de educação, cultura, lazer e saúde. A implantação de mais centros de aprendizagem profissional nos centros urbanos também é um importante caminho, que podem impedir que os menores, sem perspectiva de sobrevivência, se misturem com o tráfico de drogas e com adultos infratores.
Não seria o melhor caminho misturar adolescentes de 15 ou 16 anos com gente de péssima índole nos nossos presídios, que todos sabem, funcionam de forma precária. A permanência nesse tipo de local ia fazer com que eles se tornassem pessoas mais revoltadas com o sistema, pois as casas de detenção do Brasil não têm demonstrado aptidão de recuperar a capacidade de convivência social de seus internos, que passam anos descumprindo a lei dentro dos próprios presídios. Então, vamos lutar menos por leis que nunca são cumpridas e lutar mais por boa educação.