terça-feira, 31 de julho de 2007

NOSSA FORÇA, NOSSA MARCA

Por Joannes Lemos
Sensação de dever cumprido. É com esse sentimento que terminou a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Depois de 17 dias de competições, o maior evento esportivo das Américas vai deixar saudades em todos brasileiros: para os que participaram das disputas, para os que assistiram aos jogos nos locais de competições e para aqueles que estavam em casa, ligados na ótima cobertura das três emissoras de sinal aberto que transmitiram o evento esportivo.
O resultado final desse Pan não poderia ter sido melhor, pelo menos para os brasileiros. Foram 54 medalhas de ouro, um recorde absoluto, o que nos deixou na 3º posição, sendo quase o dobro da última edição dos jogos em Santo Domingo, quando conquistamos 29 douradas. No quadro geral, conquistamos 161 medalhas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em quantidade. Na 1ª edição do Pan, em 1951, em Buenos Aires, o Brasil ganhou cinco medalhas de ouro. Para mostrar superação, teremos que manter ou quem sabe ultrapassar a marca do Pan do Rio, em 2011 nos Jogos de Guadalajara, no México.
Mas o Pan do Rio mostrou superação não apenas em número de medalhas. Várias modalidades esportivas mostraram crescimento em nível e técnica, e deram show nos vários palcos esportivos da, agora sim, Cidade Maravilhosa. A ginástica artística surpreendeu nos saltos de Diego Hipólito e da meiga e vigorosa Jade Barbosa. O atletismo nos mostrou a força de arrancada de Frank Caldeira, o salto de vara perfeito de Fabiana Murer e a volta por cima de Maurrem Maggi, no salto em distância. O futebol feminino, nos pés dos dribles mágicos de Marta e sua trupe, mostrou a força da mulher em esportes antes dominados pelos homens, abarrotando o Maracanã de um grande público que exalava o espírito verde-amarelo em dias de tragédia. Tivemos a grande contribuição da natação, e a sede por medalhas de Thiago Pereira, que ao ganhar seis medalhas de ouro num único Pan, se igualou ao ginasta cubano Eric Lopez. Impossível não lembrar de Hugo Hoyama. O mesa-tenista encerra sua participação em Jogos Pan-Americanos como o maior medalhista de ouro brasileiro de todos os tempos. Ganhamos medalha de ouro em modalidade desconhecida para os brasileiros e para o próprio atleta que a disputou. Foi no pentatlo moderno, esporte anônimo para a humilde Yane Marques há quatro anos.
O governo carioca, juntamente com o governo federal, gastou cerca de R$ 1 bilhão de reais na estrutura do Pan do Rio. A cidade, que agora sim, mostrou ser maravilhosa, ganhou de presente uma moderna infra-estrutura esportiva. O Maracanã, palco da abertura e encerramento dos jogos, foi reformado, junto com seu filho Maracanãzinho. Junto ao autódromo da Gávea, foi construído o belíssimo Parque Aquático Maria Lenk e a imponente e moderna Arena Multiuso. No bairro de Engenho de Dentro, a maior obra desse Pan: o Estádio Olímpico João Havelange, vulgo Engenhão. A capital carioca conta agora com uma estrutura digna para o incentivo à prática esportiva, e é com esse aparato que em 2009 concorrerá com outras cidades como Chicago (EUA) e Tóquio na disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Bola Fora
Com toda pompa, muitas falhas foram verificadas no Pan do Rio, o que já era esperado pela grandiosidade do evento, e é claro, por ser no país chamado Brasil. Foram verificados erros na venda de ingressos. Problemas com a estrutura de alguns locais de prova também prejudicaram algumas disputas. Só para ficar num exemplo e não se estender demais, a final do tênis, vencida com firmeza por Flávio Saretta, foi decidida em um local coberto e improvisado, já que a quadra oficial que podia receber o público não dispunha de cobertura, e a chuva...bom, a chuva tirou do público o direito de ver o Brasil ganhar sua última medalha dourada nesse Pan. O sistema de transporte da cidade que, agora sim, se mostrou maravilhosa, poderia ter oferecido ao público melhores condições de deslocamento. A construção de mais linhas de metrô para atender aos locais de prova do Pan não foi cumprido como o prometido. Mas os problemas com infra-estrutura e organização foram poucos. O que mais queimou o filme desse Pan foram os tumultos causados na maior parte pela torcida. As vaias foram as coadjuvantes desses jogos, e quem as inaugurou foi o Presidente Lula. No entanto, os atletas poderiam ter sido poupados desse incômodo. Tudo bem que deveríamos apoiar nossos atletas, mas um pouco de educação não é pedir demais. É com educação e respeito que devemos agir se não quisermos continuar vendo os argentinos nos chamando de ‘macaquitos’. No vôlei, Ricardinho foi cortado da seleção da noite pro dia, criando uma grande saia-justa na seleção masculina. Os meninos do futebol masculino deram adeus à competição cedo demais. As meninas do vôlei feminino deram um tiro no próprio pé, e como está virando rotina decepcionaram na final, dessa vez contra as cubanas. Mas a pior cena foi ver o vexame da torcida do judô, que não satisfeita com uma decisão da arbitragem, descambou para a baderna, o que acabou incentivando o campeão Aurélio Miguel a entrar na lastimável briga.
Problemas a parte, o que importa é que os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro serão sempre lembrados pela normalidade que a cidade do Rio de Janeiro viveu nos dias de competição. Bom seria se fosse sempre assim. Não vimos àquela guerra que assolava a cidade dias antes. A força tarefa formada para a segurança dos jogos deu um clima de paz e tranqüilidade para a cidade, que finalmente viveu dias de maravilha. E ainda por cima, pudemos mostrar para as Américas e para o mundo que temos condições de sediar competições de grande porte e que temos tudo para virarmos uma grande potência do esporte mundial. O Pan foi uma escola para errar e aprender, e para quem sabe um dia podermos sediar uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada com mais destreza. É o que esperamos, é o que o povo brasileiro quer. É o que merecemos.

domingo, 8 de julho de 2007

DE BRAÇOS ABERTOS PARA O MUNDO

Por Joannes Lemos



No último sábado, 07 de julho, o Brasil e o mundo receberam um grande presente. Após meses de votação, nosso Cristo Redentor foi eleito uma das novas sete maravilhas do mundo moderno. Um feito e tanto, mas que não foi em vão, afinal de contas, nosso candidato é um dos mais belos da disputa. Entre 200 candidaturas, o Cristo foi selecionado por especialistas para ser um dos 21 finalistas, todas indicadas pelo público.
A estátua de Jesus Cristo, com cerca de 38 metros de altura, foi inaugurada no dia 12 de out
ubro de 1931. Projetada pelo engenheiro Heitor da Silva Costa, a obra foi executada pelo escultor francês Paul Landowski, que trabalhou o projeto em pedra-sabão, retirada do próprio Corcovado.
Desde sua inauguração até os dias de hoje, o monumento foi visitado por centenas de milhares de pessoas de todas as partes do mundo. As mais diversas nacionalidades se cruzam todos os dias aos pés da estátua do Salvador, fazendo o local se tornar uma espécie de Torre de Babel dos
trópicos. São pessoas que levam de volta para suas casas uma lembrança, uma imagem, um símbolo de liberdade e hospitalidade, através dos flashes de suas câmeras fotográficas.
Porém, 709 metros abaixo da bela escultura, uma cidade apelidada de ‘maravilhosa’ vive um dos piores momentos de sua existência. Em vários cantos da grande metrópole carioca, a população se vê em meio a um grande conflito civil, uma verdadeira guerra entre traficantes e autoridades.
Várias autoridades brasileiras parabenizaram a vitória de nosso representante, entre as
quais o Presidente Lula. A Ministra do Turismo, Marta Suplicy, está satisfeita e espera um aumento no número de turistas no Rio de Janeiro, depois do esperado resultado. Agora, é só ‘relaxar e gozar’, como gosta de alardear a bela dama paulistana.
DAQUI PRA FRENTE
O que se espera, realmente, é um aumento na quantidade de turistas que visitam a região, pois isso é fundamental na geração de novos empregos e no incentivo a economia. Em 2006, 1,7 milhão de pessoas visitaram o Rio de Janeiro. Espera-se,
também, que o governo carioca dê suporte para que os visitantes possam ter total segurança ao visitar a cidade, e que estes não precisem se ajoelhar aos pés do protetor implorando por segurança.
Além da segurança nas proximidades do morro do Corcovado não ser das melhores, chama também atenção o aspecto histórico ligado à escultura brasileira. Todos os outros eleitos possuem algum fator histórico importante em suas construções, em suas origens, como a grande Muralha da China, onde várias pessoas pagaram com suas vidas
pela construção da grande barreira oriental. A própria Unesco não apoiou o concurso, por não possuir critérios científicos, sendo um concurso informal, baseado em votos populares (internet e telefone), que ultrapassaram 100 milhões de votos. As outras maravilhas eleitas (confira as imagens da sequência que segue ao lado) foram a já citada Muralha da China; o monumento de Petra, na Jordânia; a cidade inca de Machu Picchu, no Peru; a pirâmide de Chichén Itzá, no México; o Coliseu de Roma, na Itália; e o Taj Mahal, na Índia. O concurso foi promovido pela entidade suíça New 7 Wonders Foundation, especializada em restauração e preservação de monumentos.
O Brasil merece, com certeza, ter um representante entre as Sete Maravilhas do mundo, porque simplesmente é um país maravilhoso. Temos muitas desigualdades, sim temos. Temos muitas adversidades, sim temos. Temos muita corrupção, nossa e como temos. Mas temos um povo excepcional, que apesar de todos os infortúnios e de todos os impostos, é um povo que está todos os dias com um sorriso aberto de ponta a ponta do rosto. E que está e sempre estará protegido sob os braços do Redentor.