quinta-feira, 13 de março de 2008

O CÉU ESTÁ NO LIMITE


Por Joannes Lemos

Mês de março, feriadão da Semana Santa à vista. O que isso quer dizer? Centenas de milhares de pessoas vão pegar as estradas para visitar seus parentes e amigos, em mais um típico enforca-estica-e-puxa dos nossos feriadões. Mas feriadão no Brasil também é sinônimo de aeroportos cheios, e como conseqüência dor de cabeça para quem vai viajar. Pobre coitado de quem ficar por longos períodos de espera na fila do check in. Aliás, pobre não, porque a política econômica de Lula ainda não foi capaz de dar oportunidade para que os menos favorecidos do nosso país pudessem viajar de avião, apesar de que nunca antes na história deste país tantas pessoas pegaram a ponte aérea.
O fato é que os passageiros do nosso sistema aéreo não deveriam se preocupar apenas com os atrasos nos aeroportos. Antes fosse só isso. Afinal, um pouco de impaciência não mata ninguém. Mas infelizmente avião que cai mata, e como mata. E problemas de equipamentos podem provocar acidentes, e como podem. E controladores de vôo super-estressados também podem provocar acidentes – e a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Passados oito meses do maior acidente aéreo brasileiro, com o avião da TAM, em julho passado em São Paulo, tudo parece estar na mais absoluta paz. Afinal de contas, nunca antes na história deste país nossas reservas cambiais estiveram tão polpudas. O problema é que ainda continuam acontecendo muitos quase acidentes que poderiam e podem virar uma nova tragédia. Documentos inéditos da Aeronáutica divulgados pela edição 506 da revista Época revelam situações de alto risco de acidentes no espaço aéreo brasileiro. A descrição de um quase acidente pode ser conferida a seguir:
“No dia 12 de junho do ano passado, o airbus 319 da Presidência da República, conhecido como Aerolula, decolou do Aeroporto Internacional de Guarulhos por volta das 15h30. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participara do 7º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT e voltava para Brasília. Toda vez que o avião da Presidência da República liga o motor, o controle de tráfego aéreo redobra a atenção. As distâncias entre as aeronaves são ampliadas e o controlador passa a tratar como prioridade o avião que aparece na tela de controle com a sigla FAB01, o principal avião da frota da Força Aérea Brasileira. Naquele dia não foi diferente. O Aerolula era o centro das atenções. Até que uma pane na sala de controle de Guarulhos apagou três dos quatro consoles, os aparelhos que permitem a visualização das aeronaves. Com apenas um deles funcionando, o controlador responsável pela segurança da aeronave presidencial passou a monitorar também outros 13 aviões. Naquele instante, um Boeing 777 da Alitalia, prefixo AZA677, que decolara de Guarulhos rumo à Itália, se aproximava rapidamente de um avião bimotor particular prefixo PT LYZ. Havia alto risco de colisão. O controlador de vôo, percebendo a possibilidade do acidente, desviou a trajetória do avião italiano. Mas, como a rota das duas aeronaves previa uma curva logo adiante, o desvio determinado acabou jogando uma aeronave contra a outra. Apenas 30 metros separaram a barriga do avião da Alitalia do teto do bimotor. Parece uma distância longa. Para aviões a uma velocidade média de 900 km/h, não é. A margem mínima de segurança, determinada por padrões internacionais, é 300 metros”.
Por pouco o presidente Lula assiste de camarote a mais um acidente aéreo, mais um para o currículo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Quando entrou em cena para tentar resolver a batata quente, Nelson Jobim, ministro da Defesa, disse: “Aja ou saia, faça ou vá embora”. Passados alguns meses a frente do ministério pouca coisa mudou, como a queda (calma, não é a de outro avião) no número de conexões e escalas no aeroporto de Congonhas. O assunto está esquecido, muito esquecido. Não adianta fazer um movimento como o Cansei. É preciso fazer vários movimentos desse tipo. Precisamos lembrar aos brasileiros o que aconteceu, já que somos uma nação que esquece com facilidade das coisas que aconteceram ontem. Afinal, depois de votar inúmeras vezes pro Marcelo sair do BBB as pessoas só poderiam mesmo ficar alienadas.
A impressão que fica é que escândalos políticos vêm e vão para fazer esquecer dos problemas mais sérios. O cartão da tapioca deu o que falar, mas uma CPI dos Cartões Corporativos só vai dar em pizza, pra variar. Está na hora de Brasília se mexer, inclusive o Lula.
Por falar em Brasília, o aeroporto de lá é o campeão de atrasos no mundo. Coitado dos candangos...