sábado, 18 de outubro de 2008

BARBÁRIE


Por Joannes Lemos

Quando se pensa que nada de perverso e banal pode voltar a acontecer, eis que lá vem a bomba. Como se já não bastasse as mazelas diárias, como crises americanas, provas e trabalhos nos estudos, dinheiro curto e taxa Selic em alta, ainda temos que acompanhar o drama de mais uma história que mais se parece uma lenda urbana. E não existe a possibilidade de ficar alienado a tudo isso.

Esteve e ainda está em todos os veículos de comunicação o caso estarrecedor do seqüestro das adolescentes Eloá e Nayara, ambas de 15 anos, enclausuradas pelo jovem Lindemberg Alves, 22 anos, em Santo André, no ABC paulista. O rapaz, como todos já sabem, não se conformava com o fim do namoro com Eloá. Num ato de insanidade ele manteve as duas meninas em cativeiro desde o dia 13 de outubro, segunda-feira. O seqüestro, que terminou com cenas cinematográficas, só chegou ao fim na tarde da sexta-feira, 17. Nayara, que chegou a ser libertada, voltou dias depois em solidariedade à amiga. Atitude impensável nos dias de hoje. Mas a volta dela ao cativeiro foi um erro gritante.

Nesse momento todos se perguntam: por quê? Como pode um jovem saudável, normal segundo as pessoas que o conheciam, cometer impensavelmente um ato que, deveria ser presumido, teria grandes chances de acabar em tragédia?

E o desfecho dessa novela (ou filme) só poderia mesmo terminar em desgraça. A polícia, sem conseguir negociar e não demonstrando capacidade para isso, precisou invadir. Entretanto, essa ação foi praticamente inevitável, pois o jovem Linbemberg demonstrou ser uma pessoa descontrolada durante os quatro dias de negociações.

Em todos os dias do seqüestro as emissoras de TV, sites e jornais deixaram a população a par da situação. Palmas para nossos meios de comunicação. Mas teve gente que exagerou, e tentou fazer o papel de negociador ao vivo. Ai ai hein Sonia Abrão! Mas por ser quem foi nem surpreende. Afinal, para alguns pseudo-programas de TV vale tudo por uns 2 pontinhos a mais na medição prévia do ibope.

O que todos querem agora é um desfecho feliz para as jovens feridas, apesar do estado gravíssimo de Eloá (até a postagem deste texto o estado dela era delicadíssimo, com poucas chances de sobrevivência). Espera-se também que Deus dê um rumo para a nova vida tortuosa que Lindemberg terá pela frente.