sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A TV BRASILEIRA EM RITMO DE FESTA


Por Joannes Lemos

Mais um ano vai chegando ao fim, e com ele expectativas de que tudo novo e de melhor virá no ano seguinte. É o que todos esperam. Enquanto isso as chamadas nas principais emissoras de TV do Brasil já estão rolando, dando destaque aos especiais de fim de ano dos respectivos canais.

NA GLOBO

Na emissora da família Marinho a leva de musicais e programas com dramaturgia segue o calendário de anos anteriores. Alguns, inclusive, já estão em exibição, como “Cinquentinha”, ótima minissérie de Aguinaldo Silva, o seriado teen “Geral.com” e o programa de humor “Os Caras de Pau”, com Leandro Hassum e Marcius Melhem.

Ainda na emissora líder do Brasil os telespectadores poderão acompanhar o especial “Dó-Re-Mi-Fábrica”, criado por Péricles de Barros e com Lázaro Ramos e Nathália Dill encabeçando o elenco. Vai ao ar na noite do dia 23 de dezembro, logo após a novela “Viver a Vida”. Na mesma noite, logo depois do programa com Lázaro Ramos a TV Globo exibirá o “Programa Piloto”, especial dramatúrgico com Fernanda Torres, Andrea Beltrão e Alexandre Borges. Escrito por Cláudio Paiva este especial vem com chances de entrar na grade fixa da emissora em 2010.

A Globo exibe no dia 24 de dezembro, logo depois de “Viver a Vida”, o especial “Natal Mágico”, com a apresentadora Xuxa Meneguel, trazendo a fórmula já conhecida de sempre, com musicais e encenações. No dia seguinte é a vez do tradicional show de Roberto Carlos, mais conhecido como o “Rei da Música brasileira”. Vai ao ar também depois da novela das 21h, com o repeteco de anos anteriores: velhos sucessos de Roberto e participação de outros nomes do cenário musical nacional.

Quase terminando o ano a Globo coloca no ar o seu programa jornalístico relembrando os fatos mais marcantes de 2009 no Brasil e no mundo. A “Retrospectiva 2009” será apresentada na noite do dia 30 de dezembro por Sérgio Chapelin, comentando sobre um ano que ficou marcado por fatos como a morte do cantor Michael Jackson. Mesmo com o ano concluído ainda caberão programas especiais na grade da Globo. No dia 1° de janeiro a emissora carioca coloca no ar o especial “A Princesa e o Vagabundo”, com Renato Aragão, Maria Fernanda Cândido, Francisco Cuoco e grande elenco. Isso tudo sem contar os já tradicionais especiais dos programas da casa, como os do “Casseta & Planeta”, “A Grande Família” e “Zorra Total”.

NA RECORD

Na emissora de Edir Macedo os especiais de fim de ano já começaram em novembro, com a apresentação de “Fashion Rocks” no dia 30 de novembro, apresentado por Gianne Albertoni. A rede também já exibiu “Os sete milagres de Jesus” no dia 07 de dezembro. No documentário, o jornalista Marcos Hummel mostrou a ida de uma equipe de jornalistas da emissora até Israel para apontar os mais importantes milagres atribuídos a Jesus.

Nesta semana também foi ao ar outro especial, “Mestres do Ilusionismo”, onde Kelly Key apresentou os lugares onde os maiores mágicos do mundo mostrarão seus truques mais interessantes. No dia 21 de dezembro a TV Record vai de música, apresentando o “Ressoar Mega Show por Um Mundo Melhor”, com apresentação de Chris Flores e Celso Zucatelli. Terá a presença de grandes nomes da música brasileira como: Zezé di Camargo e Luciano, Bruno e Marrone, Daniel, César Menotti e Fabiano, entre outros.

A retrospectiva da Record com o que aconteceu de mais importante no Brasil e no mundo será apresentada por Paulo Henrique Amorim no dia 28 de dezembro, às 23h15. Logo em seguida o canal apresenta a adaptação da obra “Uns Braços”, baseado em texto de Machado de Assis. No elenco Celso Frateschi, Ana Petta e o estreante Antônio Moraes, de 16 anos. Assim a emissora mostra que também vai investir em dramaturgia como especial de fim de ano.

NO SBT

A emissora de Silvio Santos também preparou um cardápio de atrações especiais para os telespectadores. E um dos novos contratados da emissora faz parte desse pacote. No dia 23 de dezembro o apresentador Roberto Justus vai ao ar com “Histórias e Canções”, às 23h, onde ele ‘canta’ sucessos da música brasileira com muitos convidados, entre eles Marina Elali e Roupa Nova.

Mas antes disso, no dia 20, um domingo, o patrão Silvio Santos recebe em seu programa parte do elenco da emissora para as comemorações de fim de ano. Entre eles estará Celso Portiolli, Eliana e Netinho, entre outros. Na ocasião eles vão brincar com o Homem do Baú no palco. No dia seguinte, segunda-feira, Hebe Camargo recebe em seu programa o cantor Fábio Jr, que será a principal atração do especial de Natal da loira. Ela terá outro programa especial no dia 28, onde promove uma roda de samba. Ambos serão apresentados às 23h.

O SBT ainda exibirá outros programas especiais. O do “TV Animal” vai ao ar no dia de Natal, onde será promovido um amigo secreto por Beto Marden, apresentador da atração. Participam os nomes da casa, como Isabella Fiorentino, Lígia Mendes e Arnaldo Saccomani. No dia 26 vai ao ar o especial da “Supernanny”, onde seis famílias que já participaram da atração se reunim para comemorar os seis anos do programa. Além desses o SBT exibe uma série de filmes durante o período natalino, como “Happy Feet, o Pinguim”.

NA BAND

A emissora sediada no bairro do Morumbi, em São Paulo, também traz em sua grade de programação alguns programas especiais de fim de ano. A rede da família Saad traz como destaque de fim de ano a programação infantil. Os pequenos serão a bola da vez no canal. No dia 20 de dezembro a Band exibirá a sessão “Verão Animado”, com desenhos de sucesso do cenário mundial, como “Jimmy Neutron”, “Max Steel”, “Malcolm” e “Ned”. A sessão de desenhos “Band Kids” terá ainda edições especiais nas manhãs dos dias 25 dezembro e 1° de janeiro.

A Bandeirantes também vem com alguns filmes de sucesso do cinema mundial. Mas o destaque fica por conta da exibição da saga “Guerra nas Estrelas”. Começou no último domingo com o filme do episódio um, “A Ameaça Fantasma”. A série será exibida seguindo a ordem cronológica e termina no dia 10 de janeiro com a exibição de “O retorno de Jedi”.

Dando destaque ao que aconteceu no mundo do esporte – a marca do canal – a Band exibe no dia 20 de dezembro o especial “O Brasil torceu na Band”, às 23h15, dando evidência ao vôlei, futebol, natação, basquete, entre outras modalidades. Terá apresentação de Renata Fan e Patrícia Maldonado.

Muitos outros especiais farão parte da programação de fim de ano do canal, como: “Leonardo – esse alguém sou eu”, show que irá ao ar no dia 23 de dezembro às 22h15. No dia 24 de dezembro tem “Espelho, Espelho Meu”, ‘especial’ de Márcia que será apresentado às 16h. No dia seguinte tem o especial de Natal de “Uma Escolinha Muito Louca”, às 22h15, e logo em seguida, às 23h15 vai ao ar o programa “Toda Sexta Especial”. No sábado, dia 26, é a vez do “Programa Raul Gil Especial de Natal”, às 13h45.

A retrospectiva de 2009 da Band vai ao ar no dia 29 de dezembro com o título “Um olhar para 2010”, e será exibida às 23h15. A partir das imagens e dos assuntos marcantes do ano, o programa colocará no ar a pergunta: Como será 2010? Para fazer uma projeção do que pode acontecer no ano que vem, a produção vai ouvir especialistas de várias áreas e os repórteres da Band que estiveram presentes em alguns momentos decisivos de 2009. Participam do programa os jornalistas Ricardo Boechat, Ticiana Villas Boas, Joelmir Betting, Boris Casoy, Fernando Vieria de Mello, Fernando Mitre, Milena Machado e José Luiz Datena.

No dia 30 de dezembro a Band coloca outro especial musical no ar, com “Um barzinho, um violão”, atração sertaneja que irá ao ar às 22h15 e terá grandes nomes do cenário sertanejo, como Chitãozinho & Xororó, Gian & Giovani, Bruno & Marrone, Cesar Menotti & Fabiano, Rick & Renner, entre outros.

As quatro maiores emissoras de televisão do Brasil apresentam, dessa forma, um cardápio variado de atrações no fim do ano. Se a ordem é sair da mesmice até que está valendo, com programas que englobam desenhos, filmes, jornalísticos, musicais, esporte e dramaturgia. Há quem diga que ninguém fica de frente pra TV nesta época do ano, mas o Brasil, como todos sabem, tem dimensões continentais, com grandes desigualdades sociais, e infelizmente muitas pessoas não têm uma boa mesa farta repleta de pessoas queridas em volta para confraternizar. Nessas horas é a telinha quem entra em cena.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MENOS É MAIS

Por Joannes Lemos

Já virou clichê falar que os brasileiros não aturam mais pagar tantos impostos, e na contramão disso tudo, não ver os resultados proporcionais de tanto dinheiro arrecadado pelas esferas governamentais. Todos nós padecemos do mal dos impostos excessivos. Uma boa notícia foi o anúncio recente do governo paulista da redução do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). A novidade para os paulistas é que o imposto dos veículos cairá entre 10% e 15% em 2010, efeito da redução nos preços dos veículos usados por causa do corte do IPI dos veículos novos.

Em contrapartida, para quem mora na capital, agora vem uma notícia nem tão agradável. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) lançou estudos de mercado que vão reavaliar os valores dos imóveis na cidade de São Paulo. Entende-se que propriedades em bairros como Higienópolis, Barra Funda, Limão e Vila Maria, entre outros, tiveram valorização muito grande, e, por isso, cogita-se aumento na cobrança do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), que poderá sofrer acréscimo de até 357%. O valor varia de acordo com a valorização de cada região.

Por enquanto, isso está apenas em projeto, que será encaminhado para a Câmara Municipal para votação, podendo entrar em vigor após as eleições do próximo ano. Mas o comunicado da comissão de avaliação é contraditório. Eles afirmam que áreas próximas à marginal Tietê, onde inundações deixaram de ser habituais, tiveram valorização que chega a 307%. Ao mesmo tempo, Luiz Paulo Pompéia, da comissão de valores imobiliários, afirma que áreas vulneráveis a enchentes tiveram desvalorização. Há pouco tempo regiões próximas da Marginal Tietê foram atingidas por uma enxurrada, quando as águas invadiram até o prédio da TV Brasil, na Vila Leopoldina. Os critérios chamam atenção pela incoerência.

Se o aumento nos impostos significarem mais homens nas ruas limpando a cidade e evitando mais alagamentos, mais merenda escolar na rede municipal de ensino, mais linhas de metrô – que poderiam ser concluídas com mais rapidez –, entre outras benfeitorias, valerá e muito a pena pagar o aumento proposto no IPTU. Afinal, está em jogo o aumento de mais de R$ 1 bilhão na arrecadação da prefeitura.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

AS HELENAS DO MANECO

Por Joannes Lemos
A dinastia de protagonistas cristianizadas com o nome de Helena surgiu da pena de Manoel Carlos na novela “Baila Comigo”, de 1981. A primeira a sentir na pele a responsabilidade de viver a mulher-marca do autor foi a saudosa Lilian Lemmertz (mãe da atriz Julia Lemmertz). A inspiração oculta, talvez inconscientemente, venha da primeira novela que o autor escreveu, “Helena”, baseada na obra de Machado de Assis e exibida em 1952 pela extinta TV Paulista.

Desde “Baila Comigo” foram sete novelas com uma Helena encabeçando o elenco, oito se for levado em conta a atual “Viver a Vida”. Em 1991, depois de alguns anos dando o ar da graça em outras emissoras brasileiras e estrangeiras – quando escreveu, entre outras, “Brilho” para a TV colombiana e “Isabella, Una Mujer Enamorada” para a TV peruana –, Manoel Carlos retorna à TV Globo com a missão de escrever uma novela para o horário das 18h. Surge “Felicidade”, uma história leve e adequada ao horário em que foi ao ar. Tinha como protagonista Maite Proença, uma das Helenas mais bonitas de Maneco. No elenco de “Felicidade” também estavam Tony Ramos, Laura Cardoso e Vivianne Pasmanter. A novela foi um sucesso retumbante, marcando média geral de 45 pontos.

Depois desse grande sucesso, Maneco escreve outra novela com a missão de levantar a audiência das 18h. Em 1995 vai ao ar “História de Amor”, uma novela bem ao estilo de “Felicidade”. Foi a primeira trama de Manoel Carlos em que Regina Duarte interpreta uma Helena. Isso voltaria a acontecer outras duas vezes, mas, sem dúvida, foi nessa novela que ela fez isso melhor. Na trama, a personagem de Regina entrava constantemente em conflito com sua filha Joyce, vivida por Carla Marins. Cabe ressaltar os nomes de peso da novela, como Eva Wilma, Cláudio Correa e Castro e José Mayer. Com esse time de novela das oito, a história de Helena e companhia foi mais uma vez um grande sucesso da carreira de Manoel Carlos, com média geral de 40 pontos no Ibope.

Não demorou muito, e pouco mais de um ano e meio após o término de “História de Amor” o público já se via às voltas com mais uma Helena. “Por Amor”, de 1997, trazia novamente Regina Duarte ao papel principal, desta vez contracenando com a própria filha Gabriela Duarte. O elenco de peso com nomes como Antonio Fagundes, Susana Vieira e Cássia Kiss foi mais um motivo pelo sucesso da novela das 20h, que trazia ao centro a história do amor de uma mãe capaz de tudo pela felicidade da filha. A interpretação de Gabriela Duarte não foi lá essas coisas, fato compensado pela atuação de sua progenitora. Na média geral, “Por Amor” fechou com 42 pontos, números razoáveis.

Depois de viver duas Helenas seguidas, o melhor era descansar a imagem de Regina Duarte para a personagem. No ano 2000 a Globo leva ao ar mais uma trama contemporânea de Manoel Carlos. Em “Laços de Família” a Helena da vez foi vivida por Vera Fisher. Provavelmente essa foi uma das melhores Helenas do Maneco. Não apenas pelo fato de que era uma personagem capaz de qualquer sacrifício em nome da vida da filha, mas porque Vera deu um ar de fragilidade, força e sensualidade à personagem, tudo isso ao mesmo tempo. Essa Helena foi capaz de abrir mão de seu novo amor, vivido por Reinaldo Gianecchini, quando descobriu que a filha caía de amores por ele. O sucesso de “Laços de Família” foi grande, marcando média geral de 45 pontos.

Se em “Laços” Helena estava dividida entre a filha e o namorado, na novela seguinte de Maneco a Helena da vez estava dividida entre dois homens. “Mulheres Apaixonadas”, de 2003, trouxe a “enxutassa” Christiane Torloni no papel principal. A personagem estava às voltas no casamento com Téo (Tony Ramos) e se via mexida com seu antigo amor César (José Mayer). Como em suas outras novelas a trama de Maneco era povoada por muitos personagens e grandes nomes, como Dan Stulbach, Helena Ranaldi, Susana Vieira e Cláudio Marzo. A audiência de “Mulheres Apaixonadas” foi ainda maior que a de “Laços”, com média geral de 46,6 pontos no Ibope.

A essa altura do campeonato as histórias de Manoel Carlos se transformaram em figurinha carimbada no horário nobre da Globo. Muitos alegavam que tudo era muito repetitivo. Mas o autor não arriscou com uma trama diferente, e em 2006 vai ao ar mais uma trama contemporânea ambientada no Leblon. Pela terceira vez Regina Duarte interpretava a Helena da história, uma médica com pouca sorte no amor que encontra a razão de viver ao adotar uma menina com Síndrome de Down. Mas foi uma protagonista menos forte do que as outras que a atriz interpretou. Quem roubou a cena na trama foi a personagem de Lilia Cabral, vivendo a amarga Marta. Mesmo sendo uma das novelas mais criticadas de Maneco, “Páginas da Vida” foi o maior sucesso do autor, alcançando média geral de 46,8 pontos no Ibope.

Agora a bola da vez é “Viver a Vida” recém-estreada na faixa da 21h – que a Globo insiste em chamar de novela das 20h. As atenções agora estão voltadas para uma Helena diferente daquelas vistas até então. Interpretada por Taís Araújo, agora a protagonista de Maneco é uma mulher muito jovem, sem filhos, que vive mergulhada no mundo fashion das passarelas. O autor inovou, mas só um pouquinho. Não dá para deixar de mencionar que é uma protagonista negra, a primeira dessa faixa de novelas na Rede Globo, e que mais uma vez a figura feminina principal se envolve com o personagem de José Mayer. A novela estreou com média de 42 pontos. Sorte ao autor e à nova Helena.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NINGUÉM É EXPULSO

Por Joannes Lemos

O futebol certamente é uma das paixões nacionais, assim como é a novela, a cervejinha e a conversa jogada fora descompromissadamente. No esporte mais popular do nosso Brasil, as regras são claras: levou cartão vermelho, está fora das quatro linhas. Mas não se pode dizer o mesmo da política brasileira.

O que se pode esperar das tribunas que volta e meia são palco de discursos inflamados e bate-bocas acirrados? Parece até cena de novela das 7, conversa de botequim depois de várias cervejas, ou, quem sabe, aquela velha rinha dos times adversários, onde se discute que um é melhor do que o outro. Existe até o gesto de um cidadão que parece querer se rebelar contra as diretrizes de seu time-partido e fazer as vezes de juiz de futebol, empunhando um intimidador cartão vermelho. As faltas graves teimam em acontecer, mas ninguém, por diversas razões, é expulso do time.

Fazer vista grossa em alguns setores no Brasil já virou hábito, e como costume leva ao comodismo tudo parece caminhar como sempre foi. Tudo é continuamente empurrado pra debaixo da grama, ou melhor, para debaixo dos panos. No país do jeitinho, vemos presidente pedindo pra arquivar denúncias contra o leão do norte, outrora seu antigo rival no campo. Observamos o mesmo homem vindo da massa dando apertos de mão em seu antigo concorrente collorido.

Assim como no futebol, o importante na política é sempre respeitar o adversário, num discurso surrado mas que nunca deixa de ser usado, mesmo quando vemos rasteiras, chutes e cotoveladas dentro de campo. Nos vestiários da política tudo termina em tapinha nas costas.

Empunhar um cartão vermelho de forma teatral em um espaço público cercado pela imprensa não significa muita coisa, a não ser fazer repercutir em redes sociais onde o importante é escrever em poucos caracteres sem fazer muito barulho. Afinal de contas nem importa tanto em qual time se joga – pode ser um time democrático, socialista, trabalhista, progressista ou verde. O que interessa para alguns senhores é que nesse campeonato com turno que nunca termina poucos são expulsos. Quando acontece.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CADA UM NO SEU ESPAÇO

Por Joannes Lemos

Nesta semana o mundo comemora os 40 anos da chegada do homem à Lua. No dia 20 de julho de 1969 a missão espacial Apollo 11 pousava em solo lunar levando Neil Armstrong, Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins, a tripulação da nave. Hoje estamos no século 21, em época de crise e com o governo norte-americano anunciando redução nas verbas destinadas à Nasa (Agência norte-americana de missões aeroespaciais). Uma nova investida em solo lunar parece longe do alvo.

Mas depois de tanto tempo a ida do homem ao satélite da Terra é vista como algo futil. E não é para menos. Pisar no solo da Lua e fincar uma bandeira do Tio Sam foi algo que não mudou muita coisa na história da humanidade, a não ser para mostrar mais uma vez que, vista da Lua, a Terra é mesmo redonda e azul. Para o jornalista Boyce Rensberger, que cobriu a missão Apollo 11 para o jornal “The New York Times” e foi editor de Ciência do “The Washington Post”, a viagem comovia porque era difícil, e hoje tudo parece não fazer muito sentido.

Hoje a Nasa vê com ressalvas os planos de continuar enviando missões tripuladas ao espaço. Projetos que teriam astronautas até 2016 provavelmente não mais acontecerão. É arriscado demais. Já que é possível enviar equipamentos com robôs, pra que expor astronautas a riscos de morte? O histórico mostra que isso é arriscado demais. Basta lembrar do que aconteceu em 2003, quando sete astronautas morreram na explosão do ônibus espacial norte-americano Columbia, que se desintegrou durante o voo de retorno à Terra.

Em 1969, com o auxílio das imagens televisivas, milhões de pessoas ao redor do mundo ficavam na expectativa de como seria o pouso na Lua. Certamente a ansiedade era para saber se aqueles três bravos corajosos conseguiriam voltar ao planeta com vida. Tudo ocorreu bem. Os tripulantes do Apollo 11 foram alçados a heróis, crianças de todo o mundo queriam seus bonequinhos e tempos depois caíram no ostracismo.

Uma espécie de ciclo já imaginado. Hoje não existe mais a hipótese de entusiasmo e empolgação. A era é de ponderação, e um possível repeteco, agora em solo marciano, certamente está fora dos planos. Outras questões devem ter prioridade.

domingo, 5 de julho de 2009

ELE É O MUNDO, ELE É CRIANÇA

Por Joannes Lemos

Uma vida marcada por altos, baixos e muitas polêmicas. Essa é a fórmula básica de uma super-estrela. Michael Jackson não poderia fugir deste padrão, afinal, ele era uma mega-estrela. E tal condição requer todos os holofotes em sua direção. Nos últimos dias pessoas choram, outras não tiram os olhos da TV e da internet. Outros milhares correm às lojas para comprar um disco do ídolo do pop. Este post tardio foi proposital. Porque a verdade é que existia a necessidade de digerir tudo o que era despejado sobre nossas cabeças. Nunca se ouviu, falou e viu tanto a respeito de uma única pessoa. Verdade seja dita: independente de quem seja, é preciso morrer para ganhar a atenção e solidariedade de todos.

Após receber a atenção de todos quando despontou para a fama, ou depois de lançar clipes inesquecíveis, ou ainda depois dos tristes episódios em que estampou as páginas policiais acusado de assédio, agora Michael Jackson novamente toma conta do cenário. Desta vez, porém, ele é o único que não é espectador. Não sabe e não tem como saber de nada do que falam dele. Não tem noção de que as homenagens dos programas especiais das TVs de todo o mundo e das páginas especiais de sites levaram e ainda levam muita gente às lágrimas. A cobertura incessante em cima de sua morte às vezes deixa dúvidas. Michael Jackson morreu mesmo? A pergunta à dejavu Elvis Presley provavelmente vai povoar a cabeça de muita gente.

Dificilmente um astro consegue mobilizar tanta gente ao redor do mundo. Mas Michael era mesmo multicultural, bem como o vemos no clipe de “Black or White”: um astro dançando com diversas etnias, mostrando que seu trabalho é realmente pop. Falando em clipes, esse é um ponto que marcou a carreira de Jackson. Esse tipo de vídeo foi literalmente popularizado com ele, quando lançou em 1982 o clipe de “Thriller”, considerado sua obra-prima.

O Brasil também conheceu o poder multiculturalista de Michael, quando em 1996 ele gravou por aqui o clipe da música “They don’t care about us”, onde ele dança e mostra o que sabe num vídeo gravado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e no Pelourinho, em Salvador, com o pessoal do Olodum. Aliás, um trabalho belíssimo. Curioso é que em um dos trechos desta música Michael pergunta: “Me diga o que aconteceu com minha vida”, algo que talvez ele nunca tenha conseguido responder.

Michael não esquecia de sua origem humilde. Vindo de uma pobre família negra americana, ele logo conhece o estrelato, quando tinha apenas 10 anos. Nessa época ele cantava com mais quatro irmãos no grupo Jackson Five. Depois se lançou em carreira solo e aconteceu o que todo mundo sabe. Mesmo sendo uma grande celebridade, certamente uma das maiores do show business de que já se teve notícia, ele era engajado. Em 1985 idealizou junto com Lionel Richie o projeto “We Are The World”, para a gravação de um LP que tinha como objetivo arrecadar fundos para o combate da fome na África. O single, LP e o clipe renderam cerca de 55 milhões de dólares. Participaram do projeto grandes nomes da música norte-americana, como Ray Charles, Cyndi Lauper, Bob Dylan, Tina Turner, Diana Ross e Stevie Wonder.

“We are the world, we are the children” em tradução livre, “Somos o mundo, somos as crianças”. Michael Jackson parecia mesmo acreditar que seria uma eterna criança. Sempre rodeado por meninos e meninas ele foi capaz até de criar um lugar chamado Neverland (Terra do Nunca). Assim como Peter Pan, notório personagem infantil, Michael tinha o desejo de ser uma eterna criança. E uma estrela que nunca deixaria de brilhar. Sua amizade com crianças levantou suspeitas e ele se viu envolvido num emaranhado de acusações de pedofilia.

O escândalo gerou grandes perdas com indenizações e um grande declínio por causa da queda de popularidade e credibilidade. Os patrocinadores se afastaram e as dívidas aumentaram. O astro do pop se afundou e parecia cada vez mais distante de uma recuperação. A mesma mídia que o colocara no topo agora o atacava ferrenhamente. Nos últimos tempos Michael Jackson parecia estar morto para a mídia. Ninguém mais falava dele, a não ser para bater na tecla de que ele estava arruinado. Agora esse mesmo artista é responsável pelo aumento de audiência de todas as mídias. Um tremendo paradoxo. Uma enorme perda! Uma mente tão genial, tão massacrada e crucificada vai embora cedo demais. Falar de Michael Jackson parece mesmo ser muito fácil. Difícil era ser ele.
Clique AQUI e relembre o clipe de "We Are The World".

sexta-feira, 5 de junho de 2009

AF 447 - IN MEMORIAN

Por Joannes Lemos

Desastres aéreos podem ser evitados. Principalmente quando a falha vem do comando ou de alguma negligência na manutenção. Mas quando se trata de causas naturais as chances de manobras bem sucedidas são quase reduzidas à zero. Foi o que provavelmente aconteceu com o voo AF 447 da Air France na noite do último domingo, 31 de maio.

O resultado do acidente foi a perda de 228 vidas, que, segundo especialistas, dificilmente terão seus corpos resgatados, em decorrência da geografia do local do acidente, em águas profundas do Oceano Atlântico. Assim como aconteceu com o Titanic, os destroços e as vidas que com ele afundaram estão fadados a repousarem nas profundezas do mar. Um triste fim, principalmente para os parentes, impedidos de enterrar os entes queridos.

Como não existe chance de resgate de pessoas vivas – o que é praticamente impossível em se tratando de acidente aéreo em alto-mar – agora o esforço se concentra no resgate da caixa preta do Airbus A 330. Isso seria fundamental para entender o que realmente aconteceu na noite do dia 31 de maio. Só o que se sabe é que o voo enfrentou uma forte tempestade logo que saiu do espaço aéreo brasileiro. O avião passou for nuvens com tempestades assustadoras, as chamadas Cumulus Nimbus. Uma hipótese seria que fortes rajadas de ar causaram uma turbulência violenta, fazendo com que a aeronave perdesse energia. Outra suposição é de que uma intensa chuva de granizo danificou a cabine, com consequente perda de pressurização.

Independente do que tenha acontecido explicações não trarão aquelas 228 pessoas de volta. Quando os passageiros saíram do Brasil os parentes das vítimas esperavam acordar no dia seguinte ávidos por novidades a respeito de Paris, uma das cidades mais bonitas do mundo. Aguardavam por notícias de pessoas que foram curtir a lua-de-mel, fazer um curso, viajar a trabalho, ou que iam para outros países mas que faziam escala na capital francesa. Mas tudo o que viram na TV na manhã da segunda-feira foram notícias alarmantes. E o que observaram no decorrer do dia e da semana não foi nada alentador. E os meios de comunicação exploraram o assunto a exaustão, com direito a recordes de audiência no ano. As tragédias nos atraem mais do que tudo.

Agora não adianta ficar com medo de viajar de avião. Voar ainda continua sendo um dos meios de transportes mais seguros do mundo, por mais que um acidente aéreo dê chances ínfimas de sobrevivência.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A POPULARIZAÇÃO DAS IMAGENS POR MEIO DAS LENTES FOTOGRÁFICAS

Por Joannes Lemos

A fotografia foi vista por muito tempo como uma arte, e ainda hoje é descrita como tal. E não é para menos, pois o ato da fotografia envolve um verdadeiro ritual, mesmo com o surgimento de inovações ao longo do tempo. Dos equipamentos pesados com rolos de filmes P&B aos modernos equipamentos digitais a fotografia ainda é capaz de despertar deslumbre. A preparação do equipamento, o ato fotográfico, a reprodução do material e o ato de ver como a imagem ficou: tudo isso vem com uma série de significados, que pode variar de sentido e de pessoa para pessoa.

A primeira fotografia oficial de que se tem notícia é datada de 1826, sendo atribuída a Joseph Niépce. Naquele tempo o nobre francês não imaginava o salto que a até então inovadora arte visual daria no tempo. Se hoje qualquer pessoa pode registrar seus mais singelos momentos com uma câmera digital à tira colo, nos tempos de Niépce isso não era tão fácil, a começar pelo tempo de exposição para que a imagem fosse capturada – inimagináveis nos dias corridos de hoje. Além de Niépce outros nomes marcaram o mundo da fotografia, como Daguere e Cartier-Bresson.

Na primeira parte do século XX, antes da 2ª Guerra Mundial, a fotografia esteve presente nos mais diversos contextos, registrando tudo o que podia. Dos momentos trágicos estampados nas poucas fotografias do episódio catastrófico do Titanic, passando pelas agruras dos bombardeios na Europa e do gigante cogumelo levantado após a explosão da bomba atômica de Hiroshima. A fotografia naqueles tempos em que as artes eram mais bem definidas – sem tantas interferências e estilos numa única obra como acontece hoje, que originou a chamada crise de representação – teve papel importante principalmente no sentido de manter viva a memória daqueles que não vivenciaram determinados episódios. Era essa a finalidade e sentido da fotografia, registrando momentos com equipamentos caríssimos e não menos pesados.

Se há muitos anos uma câmera fotográfica era símbolo de conhecimento de uma arte por parte de quem possuía uma dessas máquinas, atualmente ter uma câmera na mão, mesmo que possante, não desperta tanta admiração em quem não a possui – com exceção daqueles que se identificam ou vivem de fotografia. Esse processo de popularização começou primeiro com o barateamento das máquinas fotográficas, facilitando o acesso ao mundo das imagens mesmo por quem antes não sonhava ter uma. Bem mais tarde veio o advento da digitalização, fazendo com que a fotografia e as máquinas caíssem no gosto popular.

Foi na pós-modernidade que a fotografia de fato se depara com seu maior boom, quando em 1990 a Kodak lança a primeira câmera fotográfica digital comercialmente disponível, a DCS 100. De lá pra cá já se vão quase 20 anos, e o significado de tirar uma fotografia se tornou tão popular que é quase banal. É fato que um verdadeiro fotógrafo para ser considerado bom naquilo que faz precisa aperfeiçoar o que tem de melhor. Mas a popularização da imagem através da fotografia deixou muita gente com a sensação de que para fazer boas imagens basta apenas apertar um botão, sem se preocupar com enquadramento, profundidade e composição. Muitos não sabem o que isso significa, outros, no entanto, criaram tanto gosto e empatia com o instrumento que caíram de cabeça na garimpagem das técnicas.

Hoje a imagem de um equipamento fotográfico pode representar vários lances nas cabeças pensantes. Uns notam a profissionalização da arte, outros enxergam um trabalho de fotojornalismo, outros miram seus pensamentos no mundo do glamour. E muitos pensam simplesmente no registro de momentos como a memória de um instante que passou, o que pode trazer à tona sentimentos diversos.

Mesmo com as mudanças distintas que a fotografia experimentou durante décadas, ela se concentra basicamente em interpretar os fatos através das imagens, mesmo que um fotógrafo amador faça isso inconscientemente. E esse gesto pode ser representado não apenas pelo ato de tirar a câmera da bolsa e empulhá-la diante do objeto da imagem, mas atualmente também pela ação de retirar o celular do bolso para registrar momentos simples carregados de sentidos. Mas é importante ressaltar que as referências vão se perdendo no decorrer das mudanças de visual, estilo e função das máquinas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O MASSACRE DOS PORQUINHOS

Por Joannes Lemos

Não se fala em outra coisa nas últimas semanas. E todo o mundo fica preocupado com as proporções da “nova praga mundial”: a gripe suína. A doença, classificada como Gripe A, codinome H1N1, é transmitida de pessoa a pessoa principalmente por meio da tosse ou espirro e de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Até a publicação desse artigo, eram contabilizados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) 5.728 casos de infectados pela gripe suína em 33 países. No relatório estavam incluídas 61 mortes.

Não dá para ficar alheio em relação aos desdobramentos do novo subtipo da gripe. Um dos países que mais sofre com a doença é o México, por ter sido o epicentro do H1N1. Boa parte dos infectados está nos Estados Unidos, mas a maior quantidade de mortos está na nação mexicana: 56. Espalhando-se rapidamente por outros países, inclusive chegando ao Brasil, é natural que as autoridades, principalmente o Ministério da Saúde, fiquem em alerta.

O que é de praxe mais uma vez acontece, com a exploração e a cobertura quase integral dos jornais, revistas, internet e emissoras de rádio e televisão do Brasil. O que é fácil notar, principalmente no caso das emissoras de TV, é a regra do desespero. Também pudera, pois a ordem parece ser a de colocar pânico e não informar nada.

É óbvio que cuidados precisam ser tomados, principalmente pela facilidade de alastramento que a nova gripe tem. O H1N1, no entanto, não tem a letalidade de epidemias como o ebola, pandemia hemorrágica que assolou a África no final do século passado. Ao contrário, a letalidade da gripe suína ainda é baixa. Os sintomas da doença são parecidos com os da gripe comum, com a diferença de que na nova forma do influenza é possível ter diarreia, vômito e muitas náuseas.

O que se vê em algumas mídias é o percebido desde o início da crise mundial. Com a mais recente tensão econômica a necessidade pela informação aumentou. Os jornais impressos, revertendo uma tendência de queda, passaram a vender mais. As emissoras de televisão contabilizaram aumento nos índices de audiência de seus telejornais.

Agora com a gripe suína a ordem parece ser a mesma. Exceder para chamar a atenção, e despertando mais curiosidade a possibilidade de números maiores é ainda maior. Diversos especialistas são chamados para dar entrevistas e esclarecer dúvidas. Praticamente todos dizem que não há motivo para pânico, e que os maiores efeitos da gripe na população seria que, com excesso de enfermos, a economia seria afetada, com muitos ausentes de seus postos de trabalho, o que geraria retração econômica. Mas a maioria dos profissionais da comunicação tenta colocar lenha na fogueira. Isso é bastante percebido na TV. Com isso tem até pessoas falando que não comerão carne de porco. Informação é sempre bem-vinda, mas o excesso dela às vezes gera confusão e desinformação.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SEGREGAÇÃO À MODA BRASILEIRA


Por Joannes Lemos
A história já é conhecida por outros exemplos, quando em outras partes do mundo pessoas se viram separadas por meio de um gigante paredão de concreto. Berlim e Palestina tiveram seus muros, que, sabe-se muito bem, vieram com o único propósito de segregar. Os futuros muros das favelas cariocas, porém, vieram teoricamente com outros propósitos, que é o de conter o avanço das moradias (maneira mais educada de se referir aos paupérrimos barracos) sobre as encostas e áreas de preservação ambiental.

A iniciativa para a construção dos muros partiu do governo do Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente estão nos planos a construção de muros para cercar 11 favelas da zona sul da capital carioca. Segundo pesquisas recentes do Instituto Datafolha, a opinião dos moradores está dividida, tanto daqueles que moram nos morros quanto daqueles que moram no “asfalto”. Nas favelas – de acordo com os números e considerando a margem de erro de quatro pontos percentuais da pesquisa – 47% é a favor e 46% é contra a construção dos muros. Nos círculos nobres que cercam os morros, onde moram famílias de classes mais elevadas, os números também mostram um racha nas opiniões, com 44% a favor e 46% contra.

Em um dos locais onde haverá muros, no morro Dona Marta, existe quem é contra e quem é a favor. Alguns moradores se queixaram aos institutos de pesquisa alegando que a construção do paredão não foi proposta, e sim imposta pelo Estado. Se estamos em um estado democrático e a população do local não foi ouvida, então talvez os moradores do Dona Marta fazem parte de um estado aristocrático. Se o estado está realmente impondo os muros na zona sul carioca fica quase implícito o uso da força por parte da administração do governador Sérgio Cabral. Não a força bruta, mas uma força “fria”, aquela que estabelece que as regras são impostas pelo estado e que não é possível burlá-las.

A construção dos muros em morros do Rio de Janeiro repercutiu tanto que até intelectuais de fora do país criticaram a obra, como o escritor português José Saramago, que protestou em seu blog. Simbolicamente a obra realmente causa impacto. Os turistas que visitarem a cidade maravilhosa terão um novo cartão-postal para compor suas fotos, que serão as Grandes Muralhas do Morro. Causa choque também o valor desprendido para por de pé o projeto: R$ 40 milhões para erguer 11 quilômetros de paredões com três metros de altura – se não for desviado nenhum tostão.

Talvez o pequeno grande detalhe da altura do muro é o que está criando o imbróglio. Se o objetivo é apenas o de impedir que a população avance sobre áreas de proteção, por que então algo tão alto? Em outras favelas cariocas, como no Vidigal, o projeto Favela-Bairro também construiu muretas para servirem como limites identificáveis, mas que medem apenas 30 centímetros de altura. Além do mais, o Instituto Pereira Passos fez um levantamento e concluiu que todas as comunidades escolhidas para a construção do muro cresceram em área menos do que outros bairros. Ou seja, a população desses locais não é alienada a ponto de arriscar a vida de suas famílias construindo em terreno que pode oferecer risco aos demais.

É por essas e outras que muitos cidadãos acreditam que a função do muro – escondida nas intenções do governo – seria a de criar uma barreira para o poder paralelo que toma conta dos morros cariocas. Se a intenção do estado é realmente reprimir os bandidos dessas áreas há métodos mais eficientes, como oferecer emprego, educação e melhores condições de vida para quem já é discriminado por ser favelado. Erguer muros não vai diminuir a violência do asfalto, mesmo porque o foco dos altos índices de violência do Rio não são apenas as favelas. Levantando muros o estado cria mais uma barreira contra a população discriminada dos morros, enquanto o aceitável seria trazê-la para o seu seio.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

PROMOÇÃO DO DIA: SURRA GRÁTIS


Por Joannes Lemos

Imagine-se entrando na faculdade onde você estuda (e que paga mensalidades caríssimas) quando de repente é agredido por algum segurança somente porque o elevador em que você entraria está lotado? Ou então pegar uma enorme fila no supermercado e de quebra levar uns belos safanões da mulher estressada do caixa? As indagações acima servem apenas como reflexão, pois acredite: algo pior e mais humilhante do que isso pode acontecer. E aconteceu.

Que o digam os usuários dos trens metropolitanos do Rio de Janeiro. Não bastasse o aperto por ter que utilizar um sistema de transporte que dá sinais de esgotamento devido à superlotação, os usuários dos trens cariocas, de quebra, ainda apanham daqueles que deveriam zelar pela segurança do sistema. Convenhamos que boa parte dos usuários são extremamente mal-educados e sem o mínimo de noção de coletividade. Um erro, no entanto, não justifica o outro.

As cenas dos seguranças da SuperVia – concessionária que administra o transporte ferroviário do Rio – agredindo os usuários do sistema são revoltantes. Na verdade os passageiros foram chibatados com se fossem animais. Para tal ação os “auxiliares” da SuperVia (que de super não tem nada, devido ao sucateamento das vias, estações e trens) utilizaram o cordão do apito para surrar os passageiros que estavam próximos às portas.

A função desses funcionários seria a de organizar o fluxo de passageiros nas plataformas das estações antes e depois do embarque nos trens. Uma das tarefas essenciais é a de fechar as portas das composições em momentos de superlotação – que acontece o tempo todo –, fato que se intensificou nos últimos dias devido à greve composta principalmente por maquinistas. A paralisação prejudicou os 10 milhões de usuários diários das linhas férreas de 11 municípios do Grande Rio, que tem 225 Km de extensão.

Em nota, a direção da SuperVia informou que os agentes agressores foram demitidos por seus excessos, afirmando ainda que faz parte de sua política de gestão oferecer treinamento aos funcionários. “É importante ressaltar que essa atitude viola o Código de Ética e Conduta da SuperVia e que todos os agentes de controle são treinados para tratar com respeito e dignidade os passageiros”, diz um trecho da nota. Vendo as imagens fica difícil acreditar que isso seja verdade, apesar de que a atitude daqueles funcionários covardes não pode ser tomada como o padrão dos demais.

A SuperVia opera há muitos anos devido a um contrato que tem com o governo do estado do Rio de Janeiro. A concessão não se restringe a vender bilhetes de passagem, mas a de manter em bom estado de conservação os trens e estações. Mas o que é visto atualmente é um sistema depredado, que não oferece nenhum conforto aos usuários que pagam R$ 2,45 por passagem. Agora estão em estudo as penas que serão impostas à empresa, que inclui inclusive a possibilidade de suspensão do contrato. Em qualquer país sério isso já teria sido levado a cabo há muito tempo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

JUSTIÇA TARDA E ÀS VEZES NÃO FALHA

Por Joannes Lemos

Crise global, queda do IPI incidente sobre carros e motos, redução de impostos sobre materiais de construção e uma série de medidas que o governo federal vem tomando para conter a marolinha da economia global. Enquanto que de um lado há um esforço para refrear o avanço da crise, principalmente mexendo na pesada carga tributária brasileira, por outro lado algumas pessoas deitam e rolam na sonegação fiscal. Que o diga Eliana Tranchesi, 53, dona da Daslu, a mega-luxuosa loja de artigos ultrafinos.

A prisão de Eliana, do irmão dela, Antonio Carlos Piva de Albuquerque e mais cinco pessoas ligadas ao esquema de fraudes da Daslu não serviu apenas para alimentar as pautas dos veículos de comunicação. O que surpreendeu foi a pena de 94 anos e meio que Eliana e o irmão foram condenados, maior que a de conhecidos criminosos, como Suzane Richthofen (39 anos), ou Marcola, líder do PCC (40 anos). A decisão da juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos foi elogiada por alguns bacharéis em direito e criticada por outros.

Em um momento como esses, no entanto, não basta uma condenação de dezenas de anos para mostrar que a justiça foi feita. As instâncias superiores da justiça brasileira precisam ter cautela e saber a pena que cada um realmente merece. Anos de impunidade em uma terra onde apenas a elite foi beneficiada com as benesses da justiça não podem ser exemplificados com medidas extremistas, apenas para dar uma lição de moral. A ação hollywoodiana da Operação Satiagraha demonstrou isso muito bem.

O que muita gente no Brasil já sabe é que esses anos todos a que Eliana foi condenada serão diluídos talvez em meses de pena. E não é de hoje que a Daslu está na mira da Polícia Federal. Em outubro de 2004 uma nota fiscal apreendida pela PF no Aeroporto de Cumbica já havia levantado suspeitas, por ser diferente da mesma nota apresentada à Receita Federal. Em nova ação da PF em 2005 vários documentos da Daslu foram apreendidos, quando Eliana Tranchesi ficou 12 horas detida prestando depoimento. O irmão dela foi preso e solto após cinco dias. Em dezembro de 2006 a Receita Federal autuou a Daslu em R$ 236 milhões por sonegação de impostos. Em abril de 2008 acontece nova manifestação da justiça, quando o Ministério Público pede a condenação de 28 anos de Eliana. Número que agora pulou para 94 anos e meio.

A opinião pública não pode ficar com ‘peninha’ de Eliana só porque ela está fazendo um tratamento de câncer. Todos sabem que é uma doença cruel, mas nada anula os crimes cometidos como formação de quadrilha, descaminho e falsidade ideológica. E tudo o que foi sonegado, segundo a Receita Federal, é algo perto de R$ 1 bilhão. Levá-la direto ao presídio feminino do Carandiru certamente não foi uma decisão acertada. Quem não deve não teme, mas quem deve quase R$ 1 bilhão aos cofres públicos não está na situação de exigir caviar e colchão d’água na cela.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O CASTELO DOS HORRORES EXCESSIVOS


Por Joannes Lemos

Oito torres, 36 suítes, 257 janelas de madeira de sucupira, piscinas, lagos, cascatas, salões para festas, adega subterrânea, entre outros “des” caprichos. Um castelo de estilo e gosto duvidoso que já custou R$ 25 milhões. Para se tornar um palácio de fato só faltou as masmorras da inquisição, porque bobo da corte esse projeto arquitetônico símbolo do orgulho desmedido já tem. Bobo não, bobos. Que somos nós mesmos.

O “rei” proprietário desse palácio atende pelo nome de Edmar Moreira, corregedor da Câmara dos Deputados. O político do DEM diz que o castelo construído durante vários anos foi dado de presente para sua mulher. Depois a “obrazinha” foi doada ao filho, mas sem declarar nada à justiça. Ele acredita que esse foi seu único erro.

Edmar Moreira está de consciência tranquila. Talvez porque ele, assim como muitos nesse país, saiba que nossa democracia exerce a função de pano de fundo. O nobre deputado deve saber como ninguém de uma máxima do Brasil: quem tem costas quentes fica com a cabeça fria. Ele vive, afinal, em uma aristocracia e nós em uma demagogia.

Enquanto isso o Castelo Monalisa, no município de São João Nepomuceno, contrasta ao longe com a paisagem brasileira. Imaginem quantas casas populares os tijolos e os valores dessa obra fariam? Enquanto faltam quartos, salas e banheiros com vaso e descarga para muitos, sobra piscina e salões de festas para poucos. O mais gozado da história é que tudo acabará em nada.

A política brasileira tem um enredo tão alucinante que mais parece a trama de “A Favorita”, pois todos os dias algo impactante é revelado. Ou seja, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo em que há pouco já se falava na casa de R$ 5 milhões de outro colega de Edmar, e amanhã talvez vamos saber da casa de outro que custa R$ 10 milhões, e assim por diante.

A audácia de alguns brasileiros não surpreende mais ninguém, e é exatamente essa ausência de perturbação que precisa ser combatida.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

QUEM QUER VER UM BLOCKBUSTER?

Por Joannes Lemos

Uma multidão lotando as salas de cinema para assistir um filme é tudo o que produtores de cinema querem para suas obras. Conseguir que isso aconteça mesmo o filme não sendo um blockbuster arrasa-quarteirão é o que muitos outros ambicionam. Alcançar esse feito e ainda não deixar para ninguém na festa do Oscar® é o sonho de 10 entre 10 diretores.

Os ingredientes para fazer virar realidade o que está escrito no parágrafo anterior muitos têm, porém, poucos conseguem fazer dessa mistura um delicioso bolo apetitoso. Mas como sempre existe exceção, um inglês de nome Danny Boyle alcançou esse feito com maestria dificilmente vista. Seu mais recente filme, “Quem quer ser um milionário?” tem todas as características de um filme de sucesso: é campeão de bilheteria, de crítica e abocanhou nada mais nada menos do que oito estatuetas no Oscar® 2009 .

A história de Danny Boyle só perde para outras oito produções em quantidade de Oscar: “Ben-Hur”, “Titanic” e “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei”, que levaram 11 estatuetas cada um, “...E o Vento Levou” e “Amor, Sublime Amor”, com dez e “Gigi”, “O Último Imperador” e “O Paciente Inglês”, com nove cada.

A produção britânica de 2008 despontou como um intruso na lista de possíveis favoritos, afinal, um dos concorrentes na maior premiação do cinema mundial atendia pelo nome “O curioso caso de Benjamin Button”, mega-produção estrelada por Brad Pitt e cheia de efeitos visuais. A trama do galã do cinema norte-americano também é excepcional, mas ficou provado que para ser reconhecido não basta apenas abrir os cofres dos estúdios.

Completamente rodado na Índia, “Quem quer ser um milionário?” custou a bagatela de US$ 15 milhões, uma ninharia perto dos US$ 150 milhões que custou Benjamin Button. Aliás, o valor do filme estrelado por Brad Pitt foi a quantia que o filme de Boyle faturou até a postagem deste artigo (26/02). Ou seja, o filme rodado na Índia já rendeu 10 vezes mais. E vai faturar muito mais, pois esses números são de dois dias após a grande vitória no Kodak Theatre, em Los Angeles.

Outro fator que faz de “Milionário” um sucesso é o fato de não precisar chamar a atenção com grandes nomes do cinema. Todo o elenco é composto por atores indianos desconhecidos. Nomes como Dev Patel, Anil Kapoor, Saurabh Shukla, Raj Zutshi, Jeneva Talwar, Freida Pinto, Irfan Khan, Azharuddin Mohammed Ismail, Ayush Mahesh Khedekar, Sunil Aggarwal, Jira Banjara, Sheikh Wali, Mahesh Manjrekar, Sanchita Couhdary, Himanshu Tyagi (ufa, todos merecem ser citados) ficarão marcados na lista dos cinéfilos. São os atores bollywoodianos sentindo na pele o que é ser hollywoodiano.

São comuns as comparações do filme rodado nos subúrbios de Mumbai com “Cidade de Deus”, longa-metragem de Fernando Meirelles rodado no Rio de Janeiro. Mas as semelhanças são apenas de cenários, porque o roteiro é bem diferente. A produção de Meirelles mostra a vida em meio ao tráfico de drogas nas favelas cariocas entre os anos 1960 e 1970, abordando a briga de facções e a luta pelo poder em comunidades carentes. A história de Boyle mostra a história de um garoto muito pobre, que se inscreve em um quiz show da televisão indiana. Na verdade, a intenção de Jamal nem era ganhar 20 milhões de rúpias, mas sim fazer com que sua amada Latika o visse na TV e o encontrasse.

O jovem com poucas instruções, por uma obra do destino, teve a grande sorte de ser indagado justamente das questões que marcaram sua vida. Uma das perguntas era, por exemplo, quem foi o criador da arma de fogo. Quando criança, ele descobre isso por acaso, e se lembra no momento em que é sabatinado.

“Quem quer ser um milionário?” foi criticado por alguns indianos por mostrar o lado ruim da Índia. Na verdade o filme é realista, pois o país que vemos ali é mais factual do que aquele que temos visto em “Caminho das Índias”, novela global das 21h. As paisagens, os lugares, as ruas e as favelas indianas nos mostram a natureza paupérrima daquele povo. E nessa esfera um dos destaques do filme é a fotografia amarelada, que faz nossa atenção ficar redobrada, além de ser a cor da fortuna, já que lembra o ouro. Representa ainda o calor do povo indiano.

Por essas e outras, se você ainda não foi assistir “Quem quer ser um milionário?” não precisa se preocupar, afinal o filme acabou de estrear nas telonas do Brasil. E se você leu alguma crítica colocando o filme na lama não se surpreenda. Queira ver com seus próprios olhos a esse humilde blockbuster.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O TELESPECTADOR ESTÁ BIG ATENTO



Por Joannes Lemos
Ninguém consegue mais engolir, forçadamente, certo programa chamado Big Brother Brasil, ou BBB, da Rede Globo. Conhecem? Já assistiram? Pois é, todos os anos, bem no comecinho das férias, a emissora carioca coloca no ar mais uma edição do formato comprado da produtora holandesa Endemol. Muitos criticam, muitos outros assistem, e a maldição do programa continua entrando em nossas casas. Algumas pessoas não gostam, mas, mesmo assim, assistem a essa atração viciante que não leva a lugar algum.

O mais engraçado de tudo, porém, é ver a emissora carioca cometer alguns deslizes (clique na palavra destacada e assista) com o telespectador envolvendo a marca Big Brother e nem sequer pedir desculpas. No último dia 30/01, durante o Bom Dia Brasil, tradicional telejornal da emissora, uma imagem do programa das noites da Globo invadiu uma matéria exibida no matinal com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Durante a entrevista a imagem foi interrompida e podiam-se ver alguns participantes do programa participando de uma prova com bonequinhos da empresa de telefonia Vivo em suas respectivas mãos. Além disso, logo abaixo da imagem estava fixado o logotipo de outra telefônica, a Sony Ericsson.

Depois que a imagem do programa foi retirada do ar ficou visível a perplexidade dos apresentadores do Bom Dia. Renato Machado não pediu desculpas pelo big erro e Renata Vasconcelos ficou com uma big cara de “que merda é essa?”. O programa seguiu normalmente como se nada tivesse acontecido, como se a audiência do telejornal no momento fosse traço (o que significa nenhum ponto). Quem estava em casa assistindo merecia um pedido de desculpas, principalmente pelo fato de que o Bom Dia é assistido por um seleto público formador de opinião. Big Brother é tema para o Jornal Hoje, e se esse erro tivesse acontecido por lá, é bem provável que Sandra Annenberg tivesse dado uma bela gargalhada junto com Evaristo Costa.

Com risadas, pedidos de desculpas ou não, o erro técnico da Rede Globo pegou muito mal. Nos últimos tempos a outrora toda-poderosa parece estar perdida nas ondas televisivas. Talvez a audiência cada vez mais em queda tenha subido à cabeça de todos naquelas bandas. O Brasil pode não estar mais big atento com o que acontece com nossos brothers da casa mais vigiada e baixa do país, mas ainda não perdemos a capacidade de percepção por causa de um programa esdrúxulo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O CAMINHO SOMBRIO DE BUENOS AIRES


Por Joannes Lemos

Conhecida por suas belezas arquitetônicas, Buenos Aires é, sem dúvida, a capital mais européia da América Latina, devido à aparência afrancesada dos edifícios e da arquitetura neoclássica. Com avenidas largas e arborizadas, a maior cidade da Argentina é um prato cheio para turistas assíduos por boa gastronomia, diversidade cultural e belos cartões postais para uma foto inesquecível.

De acordo com o Indec (instituto Nacional de Estatística e Censos), órgão do governo argentino, a população de Buenos Aires no censo de 2001 era de 2,9 milhões de habitantes, e sua região metropolitana (com todas as cidades da Grande Buenos Aires) atingia 13 milhões de pessoas. Isso faz da capital portenha a segunda maior metrópole da América do Sul, atrás apenas de São Paulo.

Como toda grande metrópole, a capital onde nasceu Evita Peron também tem suas mazelas: redutos de extrema pobreza, mendigagem, violência urbana, dentre outras, típicas de amplos centros urbanos de todas as partes do mundo. Talvez, um dos fatos que mais incomodem aos turistas nas ruas históricas do centro da cidade são as ofertas incessantes de serviços de prostitutas.

A abordagem é constante em ruas movimentadas que atraem muitos turistas, como a Calle Florida e Calle Lavalle, bem no coração da cidade. A cada dezena de passos e principalmente ao anoitecer, muitos visitantes são abordados com ofertas de chicas (menina em espanhol), prontas para serem degustadas como se fossem uma típica parrilada dos restaurantes das redondezas.

Quando algum turista brasileiro é reconhecido, a insistência é ainda maior, como se os viajantes daqui fossem visitar a capital portenha atrás de aventuras promíscuas. E o autor deste post diz isso com autoridade de causa, pois chegou a ouvir de uma agenciadora na Calle Florida que lindas moças o esperavam com sexo sem enganação. E eles são bem diretos.

Fica a torcida, então, para que a capital do tango que tanto valoriza o passado dos belíssimos prédios históricos sem esquecer do futuro visto nos modernos prédios de Puerto Madero possa desvencilhar-se da dita “profissão” mais antiga do mundo. De fato, essa mudança radical é difícil, mas a prática não precisava ser tão escancarada e asquerosa como é visto. Afinal, deu para notar que a maioria dos turistas – aqueles que vão a procura de diversão saudável – desaprovam esse “atrativo” que não tem nenhum encanto.