terça-feira, 12 de abril de 2011

QUEM É VIVO, SEMPRE APARECE

Por Joannes Lemos


Lá se vão 13 meses e oito dias que Contemporâneo não é atualizado. E quanta coisa aconteceu nesse tempo todo, não é mesmo?

Tragédias no Rio de Janeiro, eleição da primeira mulher presidente no Brasil, hecatombe no Japão, chacina cruel de crianças numa escola pública. Isso só para ficar em alguns exemplos.

Mas Contemporâneo não ficou ausente à toa. Neste meio tempo o autor (euzinho) estava ocupadíssimo com outras questões. Agora, está ainda mais atarefado. Quem conhece minha rotina e me acompanha no blog Cuisinez Fácil sabe do que estou falando, já que agora também sou um estudante de gastronomia.

Porém, o Contemporâneo também é a menina dos meus olhos, e prometo dedicar mais tempo ao espaço para discutir algumas coisas que acontecem nesse mundo que não para de jeito nenhum. Em tempos de cataclismos constantes, não dá pra ficar alheio.

Vejo vocês!!

quinta-feira, 4 de março de 2010

O SEGREDO DO CINEMA ARGENTINO

Por Joannes Lemos


O Oscar, a grande premiação promovida pela Academia de Cinema Norte-Americana, vem em 2010 com boas apostas entre os concorrentes, principalmente na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. No páreo está “O Segredo dos Seus Olhos”, co-produção Argentina/Espanha de 2009 rodada em Buenos Aires. O filme do diretor Juan José Campanella – que também assina o roteiro – traz no elenco atores consagrados do país vizinho, mas desconhecidos aos olhos dos brasileiros. Mas isso, por si só, já é um incentivo para ver a atuação dos hermanos.

O elenco é encabeçado por Ricardo Darín (interpretando Benjamín Espósito) e Soledad Villamil (como Irene Hastings). Ambos trabalham em um tribunal criminal do governo argentino e, Benjamin, após um crime brutal de estupro seguido de assassinato, passa a correr contra o tempo para provar quem é o assassino de uma jovem mulher. Depois que consegue, luta para que o culpado seja preso e punido, algo que não acontece. Nesse instante nos lembramos do falido sistema penal brasileiro, onde nem todos pagam pelas transgressões cometidas. A película também mostra que, assim como no Brasil, a justiça argentina também é pontuada pela morosidade das ações. Anos mais tarde, Espósito, já aposentado, tenta transformar o caso em um livro.

Tudo em “O Segredo dos Seus Olhos” parece ser convincente. A narrativa é bem amarrada e a montagem do filme, alternando passagens entre duas épocas do mesmo acontecimento (entre os anos 60 e 80) não deixa o espectador se perder. Pelo contrário: tudo fica muito bem explicadinho. Outro detalhe que chama atenção é a reconstituição de época: roupas, acessórios e maquiagem não sobressaem à atuação do elenco. Tudo é mostrado sem exageros. Quando os anos passam e a história pula para a década de 80 também notamos um belo trabalho de envelhecimento dos atores. Irene, de Soledad Villamil, por exemplo, precisou apenas de um novo penteado para aparentar convincentemente uma mulher de quase 50 anos.

Outro ator que merece destaque por sua interpretação é Guillermo Francella, intérprete do atrapalhado Pablo Sandoval, amigo do trabalho e da vida de Benjamín Espósito. Ele é quem consegue arrancar umas boas gargalhadas do público. É claro que o texto ajuda. Destaque para a última cena dele na película, digna de ficar marcada como uma das melhores do longa. Em cena, Francella lembra muito o diretor e ator de cinema americano Woody Allen. Não apenas fisicamente, mas também na gesticulação e maneira de falar.

Já para quem aprecia ângulos de câmera mirabolantes, vale destacar uma cena que acontece em um estádio de futebol da capital portenha. A imagem noturna sobrevoa o campo de futebol – que estava com as arquibancadas lotadas de pessoas que viam dois times argentinos se digladiarem – quando pouco a pouco vai aterrissando em direção aos torcedores que estavam em estado de êxtase, até fechar em um plano detalhe no rosto de Espósito – que estava procurando pelo principal suspeito de cometer o assassinato em torno do qual a história gira.

Com 2h07 de duração, “O Segredo dos Seus Olhos” consegue cativar até o momento final, algo difícil para filmes longos. O desfecho da história e a lição de moral passada pelo diretor e roteirista Juan José é chocante e inesperado. Mas fica uma sensação de alívio por saber que, pelo menos na ficção, tal feito foi possível. Estou falando de justiça, mesmo que não de forma oficial – aquela praticada pelo Estado. Quem quiser entender melhor o que estou dizendo fica a dica para assistir a este incrível filme dos vizinhos argentinos. Merece a estatueta.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A TV BRASILEIRA EM RITMO DE FESTA


Por Joannes Lemos

Mais um ano vai chegando ao fim, e com ele expectativas de que tudo novo e de melhor virá no ano seguinte. É o que todos esperam. Enquanto isso as chamadas nas principais emissoras de TV do Brasil já estão rolando, dando destaque aos especiais de fim de ano dos respectivos canais.

NA GLOBO

Na emissora da família Marinho a leva de musicais e programas com dramaturgia segue o calendário de anos anteriores. Alguns, inclusive, já estão em exibição, como “Cinquentinha”, ótima minissérie de Aguinaldo Silva, o seriado teen “Geral.com” e o programa de humor “Os Caras de Pau”, com Leandro Hassum e Marcius Melhem.

Ainda na emissora líder do Brasil os telespectadores poderão acompanhar o especial “Dó-Re-Mi-Fábrica”, criado por Péricles de Barros e com Lázaro Ramos e Nathália Dill encabeçando o elenco. Vai ao ar na noite do dia 23 de dezembro, logo após a novela “Viver a Vida”. Na mesma noite, logo depois do programa com Lázaro Ramos a TV Globo exibirá o “Programa Piloto”, especial dramatúrgico com Fernanda Torres, Andrea Beltrão e Alexandre Borges. Escrito por Cláudio Paiva este especial vem com chances de entrar na grade fixa da emissora em 2010.

A Globo exibe no dia 24 de dezembro, logo depois de “Viver a Vida”, o especial “Natal Mágico”, com a apresentadora Xuxa Meneguel, trazendo a fórmula já conhecida de sempre, com musicais e encenações. No dia seguinte é a vez do tradicional show de Roberto Carlos, mais conhecido como o “Rei da Música brasileira”. Vai ao ar também depois da novela das 21h, com o repeteco de anos anteriores: velhos sucessos de Roberto e participação de outros nomes do cenário musical nacional.

Quase terminando o ano a Globo coloca no ar o seu programa jornalístico relembrando os fatos mais marcantes de 2009 no Brasil e no mundo. A “Retrospectiva 2009” será apresentada na noite do dia 30 de dezembro por Sérgio Chapelin, comentando sobre um ano que ficou marcado por fatos como a morte do cantor Michael Jackson. Mesmo com o ano concluído ainda caberão programas especiais na grade da Globo. No dia 1° de janeiro a emissora carioca coloca no ar o especial “A Princesa e o Vagabundo”, com Renato Aragão, Maria Fernanda Cândido, Francisco Cuoco e grande elenco. Isso tudo sem contar os já tradicionais especiais dos programas da casa, como os do “Casseta & Planeta”, “A Grande Família” e “Zorra Total”.

NA RECORD

Na emissora de Edir Macedo os especiais de fim de ano já começaram em novembro, com a apresentação de “Fashion Rocks” no dia 30 de novembro, apresentado por Gianne Albertoni. A rede também já exibiu “Os sete milagres de Jesus” no dia 07 de dezembro. No documentário, o jornalista Marcos Hummel mostrou a ida de uma equipe de jornalistas da emissora até Israel para apontar os mais importantes milagres atribuídos a Jesus.

Nesta semana também foi ao ar outro especial, “Mestres do Ilusionismo”, onde Kelly Key apresentou os lugares onde os maiores mágicos do mundo mostrarão seus truques mais interessantes. No dia 21 de dezembro a TV Record vai de música, apresentando o “Ressoar Mega Show por Um Mundo Melhor”, com apresentação de Chris Flores e Celso Zucatelli. Terá a presença de grandes nomes da música brasileira como: Zezé di Camargo e Luciano, Bruno e Marrone, Daniel, César Menotti e Fabiano, entre outros.

A retrospectiva da Record com o que aconteceu de mais importante no Brasil e no mundo será apresentada por Paulo Henrique Amorim no dia 28 de dezembro, às 23h15. Logo em seguida o canal apresenta a adaptação da obra “Uns Braços”, baseado em texto de Machado de Assis. No elenco Celso Frateschi, Ana Petta e o estreante Antônio Moraes, de 16 anos. Assim a emissora mostra que também vai investir em dramaturgia como especial de fim de ano.

NO SBT

A emissora de Silvio Santos também preparou um cardápio de atrações especiais para os telespectadores. E um dos novos contratados da emissora faz parte desse pacote. No dia 23 de dezembro o apresentador Roberto Justus vai ao ar com “Histórias e Canções”, às 23h, onde ele ‘canta’ sucessos da música brasileira com muitos convidados, entre eles Marina Elali e Roupa Nova.

Mas antes disso, no dia 20, um domingo, o patrão Silvio Santos recebe em seu programa parte do elenco da emissora para as comemorações de fim de ano. Entre eles estará Celso Portiolli, Eliana e Netinho, entre outros. Na ocasião eles vão brincar com o Homem do Baú no palco. No dia seguinte, segunda-feira, Hebe Camargo recebe em seu programa o cantor Fábio Jr, que será a principal atração do especial de Natal da loira. Ela terá outro programa especial no dia 28, onde promove uma roda de samba. Ambos serão apresentados às 23h.

O SBT ainda exibirá outros programas especiais. O do “TV Animal” vai ao ar no dia de Natal, onde será promovido um amigo secreto por Beto Marden, apresentador da atração. Participam os nomes da casa, como Isabella Fiorentino, Lígia Mendes e Arnaldo Saccomani. No dia 26 vai ao ar o especial da “Supernanny”, onde seis famílias que já participaram da atração se reunim para comemorar os seis anos do programa. Além desses o SBT exibe uma série de filmes durante o período natalino, como “Happy Feet, o Pinguim”.

NA BAND

A emissora sediada no bairro do Morumbi, em São Paulo, também traz em sua grade de programação alguns programas especiais de fim de ano. A rede da família Saad traz como destaque de fim de ano a programação infantil. Os pequenos serão a bola da vez no canal. No dia 20 de dezembro a Band exibirá a sessão “Verão Animado”, com desenhos de sucesso do cenário mundial, como “Jimmy Neutron”, “Max Steel”, “Malcolm” e “Ned”. A sessão de desenhos “Band Kids” terá ainda edições especiais nas manhãs dos dias 25 dezembro e 1° de janeiro.

A Bandeirantes também vem com alguns filmes de sucesso do cinema mundial. Mas o destaque fica por conta da exibição da saga “Guerra nas Estrelas”. Começou no último domingo com o filme do episódio um, “A Ameaça Fantasma”. A série será exibida seguindo a ordem cronológica e termina no dia 10 de janeiro com a exibição de “O retorno de Jedi”.

Dando destaque ao que aconteceu no mundo do esporte – a marca do canal – a Band exibe no dia 20 de dezembro o especial “O Brasil torceu na Band”, às 23h15, dando evidência ao vôlei, futebol, natação, basquete, entre outras modalidades. Terá apresentação de Renata Fan e Patrícia Maldonado.

Muitos outros especiais farão parte da programação de fim de ano do canal, como: “Leonardo – esse alguém sou eu”, show que irá ao ar no dia 23 de dezembro às 22h15. No dia 24 de dezembro tem “Espelho, Espelho Meu”, ‘especial’ de Márcia que será apresentado às 16h. No dia seguinte tem o especial de Natal de “Uma Escolinha Muito Louca”, às 22h15, e logo em seguida, às 23h15 vai ao ar o programa “Toda Sexta Especial”. No sábado, dia 26, é a vez do “Programa Raul Gil Especial de Natal”, às 13h45.

A retrospectiva de 2009 da Band vai ao ar no dia 29 de dezembro com o título “Um olhar para 2010”, e será exibida às 23h15. A partir das imagens e dos assuntos marcantes do ano, o programa colocará no ar a pergunta: Como será 2010? Para fazer uma projeção do que pode acontecer no ano que vem, a produção vai ouvir especialistas de várias áreas e os repórteres da Band que estiveram presentes em alguns momentos decisivos de 2009. Participam do programa os jornalistas Ricardo Boechat, Ticiana Villas Boas, Joelmir Betting, Boris Casoy, Fernando Vieria de Mello, Fernando Mitre, Milena Machado e José Luiz Datena.

No dia 30 de dezembro a Band coloca outro especial musical no ar, com “Um barzinho, um violão”, atração sertaneja que irá ao ar às 22h15 e terá grandes nomes do cenário sertanejo, como Chitãozinho & Xororó, Gian & Giovani, Bruno & Marrone, Cesar Menotti & Fabiano, Rick & Renner, entre outros.

As quatro maiores emissoras de televisão do Brasil apresentam, dessa forma, um cardápio variado de atrações no fim do ano. Se a ordem é sair da mesmice até que está valendo, com programas que englobam desenhos, filmes, jornalísticos, musicais, esporte e dramaturgia. Há quem diga que ninguém fica de frente pra TV nesta época do ano, mas o Brasil, como todos sabem, tem dimensões continentais, com grandes desigualdades sociais, e infelizmente muitas pessoas não têm uma boa mesa farta repleta de pessoas queridas em volta para confraternizar. Nessas horas é a telinha quem entra em cena.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MENOS É MAIS

Por Joannes Lemos

Já virou clichê falar que os brasileiros não aturam mais pagar tantos impostos, e na contramão disso tudo, não ver os resultados proporcionais de tanto dinheiro arrecadado pelas esferas governamentais. Todos nós padecemos do mal dos impostos excessivos. Uma boa notícia foi o anúncio recente do governo paulista da redução do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). A novidade para os paulistas é que o imposto dos veículos cairá entre 10% e 15% em 2010, efeito da redução nos preços dos veículos usados por causa do corte do IPI dos veículos novos.

Em contrapartida, para quem mora na capital, agora vem uma notícia nem tão agradável. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) lançou estudos de mercado que vão reavaliar os valores dos imóveis na cidade de São Paulo. Entende-se que propriedades em bairros como Higienópolis, Barra Funda, Limão e Vila Maria, entre outros, tiveram valorização muito grande, e, por isso, cogita-se aumento na cobrança do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), que poderá sofrer acréscimo de até 357%. O valor varia de acordo com a valorização de cada região.

Por enquanto, isso está apenas em projeto, que será encaminhado para a Câmara Municipal para votação, podendo entrar em vigor após as eleições do próximo ano. Mas o comunicado da comissão de avaliação é contraditório. Eles afirmam que áreas próximas à marginal Tietê, onde inundações deixaram de ser habituais, tiveram valorização que chega a 307%. Ao mesmo tempo, Luiz Paulo Pompéia, da comissão de valores imobiliários, afirma que áreas vulneráveis a enchentes tiveram desvalorização. Há pouco tempo regiões próximas da Marginal Tietê foram atingidas por uma enxurrada, quando as águas invadiram até o prédio da TV Brasil, na Vila Leopoldina. Os critérios chamam atenção pela incoerência.

Se o aumento nos impostos significarem mais homens nas ruas limpando a cidade e evitando mais alagamentos, mais merenda escolar na rede municipal de ensino, mais linhas de metrô – que poderiam ser concluídas com mais rapidez –, entre outras benfeitorias, valerá e muito a pena pagar o aumento proposto no IPTU. Afinal, está em jogo o aumento de mais de R$ 1 bilhão na arrecadação da prefeitura.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

AS HELENAS DO MANECO

Por Joannes Lemos
A dinastia de protagonistas cristianizadas com o nome de Helena surgiu da pena de Manoel Carlos na novela “Baila Comigo”, de 1981. A primeira a sentir na pele a responsabilidade de viver a mulher-marca do autor foi a saudosa Lilian Lemmertz (mãe da atriz Julia Lemmertz). A inspiração oculta, talvez inconscientemente, venha da primeira novela que o autor escreveu, “Helena”, baseada na obra de Machado de Assis e exibida em 1952 pela extinta TV Paulista.

Desde “Baila Comigo” foram sete novelas com uma Helena encabeçando o elenco, oito se for levado em conta a atual “Viver a Vida”. Em 1991, depois de alguns anos dando o ar da graça em outras emissoras brasileiras e estrangeiras – quando escreveu, entre outras, “Brilho” para a TV colombiana e “Isabella, Una Mujer Enamorada” para a TV peruana –, Manoel Carlos retorna à TV Globo com a missão de escrever uma novela para o horário das 18h. Surge “Felicidade”, uma história leve e adequada ao horário em que foi ao ar. Tinha como protagonista Maite Proença, uma das Helenas mais bonitas de Maneco. No elenco de “Felicidade” também estavam Tony Ramos, Laura Cardoso e Vivianne Pasmanter. A novela foi um sucesso retumbante, marcando média geral de 45 pontos.

Depois desse grande sucesso, Maneco escreve outra novela com a missão de levantar a audiência das 18h. Em 1995 vai ao ar “História de Amor”, uma novela bem ao estilo de “Felicidade”. Foi a primeira trama de Manoel Carlos em que Regina Duarte interpreta uma Helena. Isso voltaria a acontecer outras duas vezes, mas, sem dúvida, foi nessa novela que ela fez isso melhor. Na trama, a personagem de Regina entrava constantemente em conflito com sua filha Joyce, vivida por Carla Marins. Cabe ressaltar os nomes de peso da novela, como Eva Wilma, Cláudio Correa e Castro e José Mayer. Com esse time de novela das oito, a história de Helena e companhia foi mais uma vez um grande sucesso da carreira de Manoel Carlos, com média geral de 40 pontos no Ibope.

Não demorou muito, e pouco mais de um ano e meio após o término de “História de Amor” o público já se via às voltas com mais uma Helena. “Por Amor”, de 1997, trazia novamente Regina Duarte ao papel principal, desta vez contracenando com a própria filha Gabriela Duarte. O elenco de peso com nomes como Antonio Fagundes, Susana Vieira e Cássia Kiss foi mais um motivo pelo sucesso da novela das 20h, que trazia ao centro a história do amor de uma mãe capaz de tudo pela felicidade da filha. A interpretação de Gabriela Duarte não foi lá essas coisas, fato compensado pela atuação de sua progenitora. Na média geral, “Por Amor” fechou com 42 pontos, números razoáveis.

Depois de viver duas Helenas seguidas, o melhor era descansar a imagem de Regina Duarte para a personagem. No ano 2000 a Globo leva ao ar mais uma trama contemporânea de Manoel Carlos. Em “Laços de Família” a Helena da vez foi vivida por Vera Fisher. Provavelmente essa foi uma das melhores Helenas do Maneco. Não apenas pelo fato de que era uma personagem capaz de qualquer sacrifício em nome da vida da filha, mas porque Vera deu um ar de fragilidade, força e sensualidade à personagem, tudo isso ao mesmo tempo. Essa Helena foi capaz de abrir mão de seu novo amor, vivido por Reinaldo Gianecchini, quando descobriu que a filha caía de amores por ele. O sucesso de “Laços de Família” foi grande, marcando média geral de 45 pontos.

Se em “Laços” Helena estava dividida entre a filha e o namorado, na novela seguinte de Maneco a Helena da vez estava dividida entre dois homens. “Mulheres Apaixonadas”, de 2003, trouxe a “enxutassa” Christiane Torloni no papel principal. A personagem estava às voltas no casamento com Téo (Tony Ramos) e se via mexida com seu antigo amor César (José Mayer). Como em suas outras novelas a trama de Maneco era povoada por muitos personagens e grandes nomes, como Dan Stulbach, Helena Ranaldi, Susana Vieira e Cláudio Marzo. A audiência de “Mulheres Apaixonadas” foi ainda maior que a de “Laços”, com média geral de 46,6 pontos no Ibope.

A essa altura do campeonato as histórias de Manoel Carlos se transformaram em figurinha carimbada no horário nobre da Globo. Muitos alegavam que tudo era muito repetitivo. Mas o autor não arriscou com uma trama diferente, e em 2006 vai ao ar mais uma trama contemporânea ambientada no Leblon. Pela terceira vez Regina Duarte interpretava a Helena da história, uma médica com pouca sorte no amor que encontra a razão de viver ao adotar uma menina com Síndrome de Down. Mas foi uma protagonista menos forte do que as outras que a atriz interpretou. Quem roubou a cena na trama foi a personagem de Lilia Cabral, vivendo a amarga Marta. Mesmo sendo uma das novelas mais criticadas de Maneco, “Páginas da Vida” foi o maior sucesso do autor, alcançando média geral de 46,8 pontos no Ibope.

Agora a bola da vez é “Viver a Vida” recém-estreada na faixa da 21h – que a Globo insiste em chamar de novela das 20h. As atenções agora estão voltadas para uma Helena diferente daquelas vistas até então. Interpretada por Taís Araújo, agora a protagonista de Maneco é uma mulher muito jovem, sem filhos, que vive mergulhada no mundo fashion das passarelas. O autor inovou, mas só um pouquinho. Não dá para deixar de mencionar que é uma protagonista negra, a primeira dessa faixa de novelas na Rede Globo, e que mais uma vez a figura feminina principal se envolve com o personagem de José Mayer. A novela estreou com média de 42 pontos. Sorte ao autor e à nova Helena.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NINGUÉM É EXPULSO

Por Joannes Lemos

O futebol certamente é uma das paixões nacionais, assim como é a novela, a cervejinha e a conversa jogada fora descompromissadamente. No esporte mais popular do nosso Brasil, as regras são claras: levou cartão vermelho, está fora das quatro linhas. Mas não se pode dizer o mesmo da política brasileira.

O que se pode esperar das tribunas que volta e meia são palco de discursos inflamados e bate-bocas acirrados? Parece até cena de novela das 7, conversa de botequim depois de várias cervejas, ou, quem sabe, aquela velha rinha dos times adversários, onde se discute que um é melhor do que o outro. Existe até o gesto de um cidadão que parece querer se rebelar contra as diretrizes de seu time-partido e fazer as vezes de juiz de futebol, empunhando um intimidador cartão vermelho. As faltas graves teimam em acontecer, mas ninguém, por diversas razões, é expulso do time.

Fazer vista grossa em alguns setores no Brasil já virou hábito, e como costume leva ao comodismo tudo parece caminhar como sempre foi. Tudo é continuamente empurrado pra debaixo da grama, ou melhor, para debaixo dos panos. No país do jeitinho, vemos presidente pedindo pra arquivar denúncias contra o leão do norte, outrora seu antigo rival no campo. Observamos o mesmo homem vindo da massa dando apertos de mão em seu antigo concorrente collorido.

Assim como no futebol, o importante na política é sempre respeitar o adversário, num discurso surrado mas que nunca deixa de ser usado, mesmo quando vemos rasteiras, chutes e cotoveladas dentro de campo. Nos vestiários da política tudo termina em tapinha nas costas.

Empunhar um cartão vermelho de forma teatral em um espaço público cercado pela imprensa não significa muita coisa, a não ser fazer repercutir em redes sociais onde o importante é escrever em poucos caracteres sem fazer muito barulho. Afinal de contas nem importa tanto em qual time se joga – pode ser um time democrático, socialista, trabalhista, progressista ou verde. O que interessa para alguns senhores é que nesse campeonato com turno que nunca termina poucos são expulsos. Quando acontece.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CADA UM NO SEU ESPAÇO

Por Joannes Lemos

Nesta semana o mundo comemora os 40 anos da chegada do homem à Lua. No dia 20 de julho de 1969 a missão espacial Apollo 11 pousava em solo lunar levando Neil Armstrong, Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins, a tripulação da nave. Hoje estamos no século 21, em época de crise e com o governo norte-americano anunciando redução nas verbas destinadas à Nasa (Agência norte-americana de missões aeroespaciais). Uma nova investida em solo lunar parece longe do alvo.

Mas depois de tanto tempo a ida do homem ao satélite da Terra é vista como algo futil. E não é para menos. Pisar no solo da Lua e fincar uma bandeira do Tio Sam foi algo que não mudou muita coisa na história da humanidade, a não ser para mostrar mais uma vez que, vista da Lua, a Terra é mesmo redonda e azul. Para o jornalista Boyce Rensberger, que cobriu a missão Apollo 11 para o jornal “The New York Times” e foi editor de Ciência do “The Washington Post”, a viagem comovia porque era difícil, e hoje tudo parece não fazer muito sentido.

Hoje a Nasa vê com ressalvas os planos de continuar enviando missões tripuladas ao espaço. Projetos que teriam astronautas até 2016 provavelmente não mais acontecerão. É arriscado demais. Já que é possível enviar equipamentos com robôs, pra que expor astronautas a riscos de morte? O histórico mostra que isso é arriscado demais. Basta lembrar do que aconteceu em 2003, quando sete astronautas morreram na explosão do ônibus espacial norte-americano Columbia, que se desintegrou durante o voo de retorno à Terra.

Em 1969, com o auxílio das imagens televisivas, milhões de pessoas ao redor do mundo ficavam na expectativa de como seria o pouso na Lua. Certamente a ansiedade era para saber se aqueles três bravos corajosos conseguiriam voltar ao planeta com vida. Tudo ocorreu bem. Os tripulantes do Apollo 11 foram alçados a heróis, crianças de todo o mundo queriam seus bonequinhos e tempos depois caíram no ostracismo.

Uma espécie de ciclo já imaginado. Hoje não existe mais a hipótese de entusiasmo e empolgação. A era é de ponderação, e um possível repeteco, agora em solo marciano, certamente está fora dos planos. Outras questões devem ter prioridade.