quarta-feira, 26 de abril de 2006

TEMA GERAL

A Globeleza do Planalto
Por Joannes Lemos
Já é antiga a história de que no Brasil tudo acaba em pizza, e, há pouco tempo, essa tese foi reforçada ainda mais em Brasília. E agora, parece que tudo acaba em samba também. Foi com samba que terminou uma das sessões da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.O episódio aconteceu após o deputado João Magno (PT-MG) ser absolvido das acusações que vinha sofrendo por receber dinheiro do valerioduto. Foi a partir desse momento que o showzinho de mediocridade e arrogância começou. A deputada federal Ângela Guadagnin (PT-SP), num misto de empolgação e falta de bom senso se levantou de sua confortável poltrona, e, num sacolejar desengonçado, iniciou o samba da pizza pela vitória do amigo.Mas quão bom é o fato de termos uma imprensa competente, que registrou cada momento da infeliz comemoração. Foi uma questão de tempo para o rosto da anciã ser estampado nos jornais de grande circulação do país. Na TV não foi diferente. Todos os telejornais davam a notícia como mais uma bomba nas mãos do PT. A revista Veja, uma das mais bem conceituadas do país, estampou em sua capa a foto do momento de êxtase particular da parlamentar. Quem disse a essa senhora que ela é páreo pra Valéria Valença? O melhor de tudo isso é que a imprensa reagiu negativamente, e ela literalmente foi pra fogueira.Pelas ruas do país a população também reagiu com revolta e indignação pela atitude de Ângela. Muitos já pedem seu afastamento. No entanto, várias pessoas ouvidas pela imprensa disseram já estar acostumados com a impunidade. Não podemos nos acostumar com este tipo de situação. A oposição também pede o afastamento de Ângela. Segundo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) o enredo foi repugnante e a coreografia foi grotesca. Já o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) ironizou, dizendo que o melhor que Ângela deve fazer é arrumar um emprego de dançarina do ventre.Depois de toda repercussão que o fato causou, Ângela finalmente procurou a imprensa. Queria pedir desculpas aos eleitores pelos seus atos. Disse que fez o que fez num momento de manifestação espontânea, pois estava feliz porque o amigo era reconhecido como ‘inocente’. Ora, ora Dona Ângela, a senhora, em 1º lugar, não deveria pedir desculpas aos eleitores, e sim para a população em geral. Para as crianças, que não votam, deveria pedir desculpas e dizer “meus queridos, não façam isso em casa”. Aos jovens e adultos, esses sim eleitores, deveria dizer “será que continuo merecendo seu voto?”. E aos idosos, a fase em que ela se encaixa, deveria dizer “Que bom que o voto de vocês é facultativo”.A grande verdade, é que Ângela Guadagnin (guardem esse nome) foi infeliz no momento errado. Errado para ela, certo para nós, que em ano de eleições descobrimos mais uma maçã podre. Talvez naquele momento de empolgação pelo seu amigo, ela tenha se esquecido que em 2006 o público do sambódromo vai às urnas novamente. Não podemos tolerar tamanha falta de respeito.Ângela Guadagnin, a madrinha de bateria, a porta bandeira, a passista ou seja lá o que ela queira ser, é membro do conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Vamos ver até quando.

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