segunda-feira, 9 de outubro de 2006

ARTIGO.COM - Nº 3

Democracia Envergonhada
Por Joannes Lemos
Com as eleições 2006 o Brasil mostra mais uma vez que é um país democrático. Em todo domínio nacional o que vimos foi um pleno exercício de cidadania, onde todos com mais de 16 anos puderam expressar suas opiniões, através do ato livre do voto. Um ato um tanto gratificante, não fosse por um detalhe. Por ter um lado positivo, a democracia também tem seu lado negativo. São duas faces de uma mesma moeda.
Existe uma famosa frase que diz que a democracia é o governo do povo para o povo. Aí é que mora o perigo. Em muitos casos, não é bem assim. Na verdade é o governo da elite, às vezes para o povo, e na maioria das vezes para a própria elite.
O problema maior da democracia é a escolha dos candidatos errados. Infelizmente, a maioria da população brasileira não faz uma reflexão antes de votar. É preciso ponderação. É preciso conhecer as propostas de trabalho, as metas e o histórico do candidato em que se vai votar. A maior parte do eleitorado não faz isso, e o resultado dessa arrogância já conhecemos.
Em várias partes do país, figuras das mais estranhas foram eleitas. O estado de São Paulo foi um dos que mais elegeram figuras ‘bizarras’. Um deles foi Paulo Maluf, aquele que diz ‘isso não é meu’, e foi eleito o deputado federal mais votado de São Paulo, com 739.827 votos. Outra figura estranha eleita foi o estilista Clodovil Hernandez, com 493.951 votos. Curioso ou não, Clodovil deixava bem claro que não possuía nenhum plano de trabalho. Ao ser perguntado por um jornalista da Folha de S.Paulo qual seria a primeira coisa que faria quando chegar à Brasília, ele foi categórico e banal: “Vou olhar a decoração e os móveis da minha sala”. A campanha do sujeito na TV parecia um quadro do Zorra Total. Em uma das falas ele dizia “Brasília nunca mais será a mesma", e em outra, debochava: “Meu número é 3611, e sabe por que? Porque 24 já era, o negócio agora é 1 atrás do outro”. Quanta baixaria.
Encerrando a seleta lista – só para ficar em alguns exemplos – São Paulo elegeu para a Câmara Federal Frank Aguiar (o cãozinho dos teclados) e o petista envolvido em certos esquemas ilícitos, José Genoíno. Não poderia deixar de citar a vitória do ex-presidente Fernando Collor ao senado, pelo estado das Alagoas, da briguenta e atuante Heloísa Helena.
É claro que não temos só exemplos ruins. Alguns candidatos sujos não conseguiram a reeleição, como a Deputada Federal por São Paulo Ângela Guadagnin, aquela que sambou no plenário da Câmara. No Espírito Santo, a maioria dos envolvidos no mensalão capixaba também não foram reeleitos, provando que os eleitores estão atentos, ou pelo menos parte dos eleitores.
E assim termina o 1º turno das eleições, com muitas surpresas, boas e ruins. Independente dos resultados, a democracia ainda é o melhor método para decidirmos quem deve representar a maioria. Agora, o maior desafio é ensinar os brasileiros a fazer suas escolhas da melhor maneira. E isso não se faz sem conhecimento e informação. Muita informação, em doses exageradas.