quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A INTERNET EM VOGA

Por Joannes Lemos
Normalmente, o Brasil sempre ocupa posições ruins em tudo quanto é tipo de pesquisa: na área da saúde, educação, segurança pública, carga tributária (no caso está no topo da lista, o que é ruim), taxas de desemprego e muitos outros temas. Mas em algumas listas também lideramos. Uma delas está no uso da internet. Pesquisa divulgada recentemente pelo IBOPE mostra que os brasileiros navegam 22 horas mensais por pessoa, frente às 18 horas e 54 minutos dos americanos, os segundos da lista, e 18 horas e 21 minutos dos japoneses, que aparecem na 3ªposição.
Cresceu também a quantidade de domicílios com acesso a rede mundial de computadores: 21 milhões de brasileiros acessam direto de suas casas. Considerando-se outros locais de acesso, como trabalho, escola, lan houses e pontos alternativos, a quantidade de internautas brasileiros beira os 40 milhões. Isso mostra como a internet está se popularizando a cada ano. Dessa forma, a web está se transformando em um dos meios de comunicação de maior audiência do Brasil, superando, em muitos horários, a quantidade de pessoas que estão ouvindo programas de rádio, por exemplo.
Entre o público que mais cresce na web estão as crianças, os adolescentes e as mulheres jovens. Esse público freqüenta todo tipo de site a procura de vários serviços. São sites de viagens, moda, gastronomia, informações, e, é claro, sites de relacionamentos e blogs. A interatividade oferecida aos internautas é grande, maior do que em outros meios como televisão e mídia impressa. Os usuários podem bater papo com amigos ao mesmo tempo em que assistem vídeos sobre um acontecimento do seu interesse em sites informativos. É possível ler aquela matéria que saiu no jornal ou na revista preferida a qualquer momento, bastando consultar o banco de dados, e, é claro, se o uso não for restrito.
Muitos profissionais da mídia já acusam a internet pela queda de público de seus respectivos meios. Aguinaldo Silva, autor da novela Duas Caras, da Rede Globo, chegou a acusar a internet pela queda nos índices de audiência da trama escrita por ele. Não se sabe ao certo se a internet é um dos motivos para isso, mas ela não pode ser apontada como vilã. O internauta está descobrindo outras formas de diversão e interatividade. Ao acessar a rede mundial de computadores, as pessoas procuram por diversão e relaxamento. Mas a internet também é uma importante fonte de informação, responsável por situar muitas pessoas do quê está acontecendo, e já não é mais possível ficar alheio a ela. Quem acessa a web diariamente tem mais possibilidades de sair na frente e saber mais. Há muito tempo ela faz parte do nosso mundo, ela encurtou distâncias, abriu novas possibilidades de comunicação em tempo real.
E quem decidir simplesmente abolir a internet de suas vidas corre o risco de pagar um alto preço. Nós brasileiros, pelo navegar dos bits, já percebemos isso.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

SETE - O MUSICAL


Por Joannes Lemos

Desde quando criei esse blog em 2005 nunca gostei de escrever textos em 1ª pessoa. Apesar de esta singela página expressar minhas opiniões, sempre gostei que os leitores desse domínio tirassem suas próprias conclusões. Hoje resolvi deixar a objetividade de lado, e trazer à tona a subjetividade que existe dentro de mim. Hoje quero falar sobre uma maravilha do nosso teatro nacional. Em recente viagem ao Rio de Janeiro pude acompanhar a peça 'Sete – O musical', no excelente Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes.
O elenco está recheado com bons nomes do nosso cenário artístico. Entre eles, Zezé Motta, Ida Gomes, Eliana Pittman e Alessandra Maestrini (a empregada de Toma Lá, Da Cá). Elenco pronto, peça afiada.
Durante 1h40 minutos de apresentação, o que pude sentir foi os pêlos do meu braço arrepiarem o tempo todo. Tudo na apresentação parecia perfeito, pelo menos aos olhos e ouvidos do autor que vos fala. Os diálogos, as performances do elenco, tudo muito bem construído e costurado, numa sincronia sem igual. Tudo orquestrado por Charles Möeller.
Os arranjos musicais ficaram por conta de Ed Motta, e a letra aos cuidados de Cláudio Botelho. Não posso deixar de citar o cenário e o figurino, que em estilo gótico-fantasmagórico deu um charme a mais na apresentação.
E por falar em apresentação, a história de Sete é a seguinte: Amélia ( Alessandra Maestrini) perde para uma mulher mais bonita o grande amor de sua vida, Herculano (Raul Veiga). Desesperada, procura a ajuda da cartomante e bruxa Dona Carmem (Zezé Motta). A tarefa que a bruxa passa parece simples, realizar sete tarefas. As seis primeiras são realmente simples. O problema é a sétima, onde Amélia deve levar pra bruxa um coração de um rapaz moço e puro. É aí que começa o martírio de Amélia, que precisa se embrenhar pelas ruas de um Rio de Janeiro traiçoeiro.
Uma história que prende a atenção do início ao fim. Vale a pena conferir. Agora vou torcer para que a superprodução venha para terras capixabas, afinal nós também merecemos.

domingo, 7 de outubro de 2007

A BOA BRIGA


Por Joannes Lemos

A disputa pelo lugar mais alto do podium na audiência esquenta cada vez mais entre as grandes redes de TV do Brasil. Nesse ano a disputa fervilhou ainda mais, com Globo e Record trocando farpas perante a opinião pública.
Globo e Record hoje são praticamente inimigas mortais. A emissora dos bispos paulistas quer de todas as formas ser a emissora mais vista do país. E a emissora da Família Marinho quer, custe o que custar, impedir que a Record alcance seu objetivo. Parte dos planos da Record se concretizaram. A rede é praticamente a vice-líder em audiência, desbancando aquele que muitos acreditavam ser o vice absoluto: o SBT, emissora popularesca da grade voadora, pertencente ao não menos voador Silvio Santos. Acomodado em seu trono, investindo apenas em seriados americanos e dramalhões mexicanos, o homem do Baú agora tem que mexer os pauzinhos para que sua emissora brigue pela terceira posição.
E lá no topo estão aquelas que mais investem em programação própria. A Globo, que há muito tempo investe pesado em teledramaturgia e jornalismo, viu seu campo ameaçado pela Record, que em 2003 voltou ao ramo das novelas com vigor. Adquiriu estúdios no Rio de Janeiro, bem perto do Projac – a central de produção da Globo – patrocinou uma ampla reforma nestes e pretende transformá-lo em um dos maiores estúdios do Brasil.
Enquanto as novelas da Record seguiram um caminho de ascendência, as da Globo vieram pelo caminho inverso, com audiência cada vez mais em queda. Atualmente, as três grandes produções do canal carioca estão com sua audiência bem abaixo do normal. Na vizinha Record os números estão crescendo.
No final de setembro a Globo teve que engolir mais uma investida da Record. No dia 28 – data em que o canal completou 54 anos no ar – foi lançado o canal Record News, nos moldes da Globo News, com programação voltada para o jornalismo 24 hs por dia. A diferença é que a Record News é um canal aberto. A Globo, que não quer comer poeira, recorreu ao Ministério das Comunicações para saber se pode abrir o sinal de seu canal de notícias. Isso porque antes da Record News estrear, a interpretação era de que uma mesma cidade não poderia ter uma empresa com duas outorgas de geração, ou seja, a Record não poderia ter duas concessões na mesma cidade, que no caso é São Paulo. Apesar da concessão da Record News, que antes era da Rede Mulher, ser da cidade de Araraquara, a geração de conteúdo é feita na capital paulista.
No meio da troca de tiros estamos nós espectadores, que passamos a ganhar com a competitividade dos canais, que para aumentar seus índices de audiência se vêem obrigados a melhorar o nível de suas produções. Prova disso é o Domingo Espetacular, da Record, uma boa opção dos nossos entediantes domingos.

O ano de 2007 está na reta final. Vamos ver se em 2008 essa briga terá um desfecho, e finalmente saber quem será o vilão e o herói dessa trama.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

GANHOU A DEMOCRACIA?

Por Joannes Lemos

Em mais uma manobra no planalto central, a decisão sobre a permanência de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do senado acabou em uma retumbante pizza. E essa teve um sabor bem amargo. Como virou de praxe em nossa política, grandes escândalos de proporções tsunâmicas causam grandes estragos na imagem do país, mas deixam ilesos os protagonistas das vergonhosas calamidades.
Assim, mais uma vez – e como infelizmente virou rotina no cenário nacional – o nome da instituição brasileira – Senado, Congresso, Brasília, Câmara Federal, Palácio do Planalto – enfim, tudo que lembra os alicerces do nosso poder, teve o nome achincalhado e jogado na lama. Os jornais e telejornais brasileiros dedicaram boa parte do espaço e tomaram boa parte da nossa paciência com esse escândalo, que por mais de 110 dias entrava nos aparelhos de TV de nossas salas, nas ondas sonoras dos nossos aparelhos de rádio e nas telas planas e semi-planas de nossos computadores pessoais ou do trabalho. Mas isso era mais do que necessário, pois não poderíamos ficar alienados de mais uma vergonha da nossa política.
E depois do resultado dessa pizza - que é bem redondinha, mas vai descer quadrada garganta abaixo – os veículos de comunicação do exterior também repercutiram o assunto, mostrando às outras nações de primeiro e terceiro mundo detalhes da nação de quinto mundo. Veículos de informação conceituados como The New York Times e El Pais deram notas de destaque sobre o caso. Membros da transparência internacional observam essa repercussão como um fator altamente prejudicial à imagem do Brasil.
Isso já era de se esperar. Infelizmente os mandatários dessa balbúrdia estão passando a quilômetros de distância de se preocupar com a boa imagem do nosso país. O que não pode acontecer mais uma vez é a população cruzar os braços, e novamente se conformar, já que a impunidade aos donos do poder e aos mais abastados da nossa sociedade é rotina. Já virou costume também dizer sempre a mesma ‘ladainha’: vamos escolher melhor nossos representantes nas próximas eleições...etc e tal. O pior dessa regra é que está cada vez mais complicado escolher alguém decente. Exceções à parte, essa é a realidade.
O que mais dói nos nossos olhos e ouvidos, depois de todas as manobras políticas na votação do dia 12 de setembro, é ver e ouvir um senador que acabou de sair da forca, com a cara mais deslavada do mundo, polida com óleo de peroba, dizer que ganhou a democracia (???) na votação secreta. Será que algum dia Renan Calheiros entrou em uma sala de aula e estudou os princípios da política? Será que ele já ouviu falar naquele livrinho que contém tudo sobre a Constituição Brasileira de 1988?
Está claro que a resposta é não. Temos que torcer, ou melhor, temos que fazer acontecer para que tipos como esses - não apenas o Calheiros - sejam extirpados da vida pública brasileira.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

SEM RESERVAS, COM SABOR


Por Joannes Lemos

As comédias românticas, volta e meia, aparecem nas telonas do cinema. Porém, poucas se salvam. Sem Reservas (No Reservations, EUA, 2007) se encaixa muito bem em uma dessas que se salvam. O charme e sabor da gastronomia servem como pano de fundo para o desenrolar da ação, estrelada com a boa performance da quase quarentona Catherine Zeta-Jones.
No longa, que tem direção do pouco conhecido Scott Hicks, Zeta-Jones é Kate, uma chef de cozinha competente, mas que não consegue se livrar da mania de regras para tudo e para todas as coisas. Sua vida solitária e melancólica tem uma reviravolta repentina, após a morte da única irmã. Assim, ela assume a missão de criar a sobrinha Zoe, interpretada pela ladra de cenas Abigail Breslin, de Pequena Miss Sunshine. Aliado à falta de preparo para cuidar de uma criança, Kate precisa encarar ainda a presença de um novo colega de trabalho, o chef Nick (Aaron Eckhart), contratado para trabalhar na mesma cozinha que ela, ou, como ela mesma gosta de dizer: ‘minha cozinha’, apesar do restaurante não ser de propriedade dela.
Mas Nick é um rapaz de boas intenções. E mesmo Kate vendo nele um perigoso inimigo que invade seu território, essa sensação vai desaparecendo na medida que o amor vai preenchendo o espaço que separa os dois. Amores, desamores e briga por espaço colocados de lado, o filme não seria o mesmo se não fosse a presença de Abigail Breslin. A pequena dá um banho de atuação e expressão, assim como fez no excelente filme independente Pequena Miss Sunshine. E assim como na animação Ratatouille, é quase possível sentir o cheirinho dos belos pratos apresentados em cena, feitos pelas personagens de Zeta-Jones e Eckhart. Sem Reservas, apesar de não ter novidade em sua narrativa, é literalmente um filme de dar água na boca.

terça-feira, 31 de julho de 2007

NOSSA FORÇA, NOSSA MARCA

Por Joannes Lemos
Sensação de dever cumprido. É com esse sentimento que terminou a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Depois de 17 dias de competições, o maior evento esportivo das Américas vai deixar saudades em todos brasileiros: para os que participaram das disputas, para os que assistiram aos jogos nos locais de competições e para aqueles que estavam em casa, ligados na ótima cobertura das três emissoras de sinal aberto que transmitiram o evento esportivo.
O resultado final desse Pan não poderia ter sido melhor, pelo menos para os brasileiros. Foram 54 medalhas de ouro, um recorde absoluto, o que nos deixou na 3º posição, sendo quase o dobro da última edição dos jogos em Santo Domingo, quando conquistamos 29 douradas. No quadro geral, conquistamos 161 medalhas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em quantidade. Na 1ª edição do Pan, em 1951, em Buenos Aires, o Brasil ganhou cinco medalhas de ouro. Para mostrar superação, teremos que manter ou quem sabe ultrapassar a marca do Pan do Rio, em 2011 nos Jogos de Guadalajara, no México.
Mas o Pan do Rio mostrou superação não apenas em número de medalhas. Várias modalidades esportivas mostraram crescimento em nível e técnica, e deram show nos vários palcos esportivos da, agora sim, Cidade Maravilhosa. A ginástica artística surpreendeu nos saltos de Diego Hipólito e da meiga e vigorosa Jade Barbosa. O atletismo nos mostrou a força de arrancada de Frank Caldeira, o salto de vara perfeito de Fabiana Murer e a volta por cima de Maurrem Maggi, no salto em distância. O futebol feminino, nos pés dos dribles mágicos de Marta e sua trupe, mostrou a força da mulher em esportes antes dominados pelos homens, abarrotando o Maracanã de um grande público que exalava o espírito verde-amarelo em dias de tragédia. Tivemos a grande contribuição da natação, e a sede por medalhas de Thiago Pereira, que ao ganhar seis medalhas de ouro num único Pan, se igualou ao ginasta cubano Eric Lopez. Impossível não lembrar de Hugo Hoyama. O mesa-tenista encerra sua participação em Jogos Pan-Americanos como o maior medalhista de ouro brasileiro de todos os tempos. Ganhamos medalha de ouro em modalidade desconhecida para os brasileiros e para o próprio atleta que a disputou. Foi no pentatlo moderno, esporte anônimo para a humilde Yane Marques há quatro anos.
O governo carioca, juntamente com o governo federal, gastou cerca de R$ 1 bilhão de reais na estrutura do Pan do Rio. A cidade, que agora sim, mostrou ser maravilhosa, ganhou de presente uma moderna infra-estrutura esportiva. O Maracanã, palco da abertura e encerramento dos jogos, foi reformado, junto com seu filho Maracanãzinho. Junto ao autódromo da Gávea, foi construído o belíssimo Parque Aquático Maria Lenk e a imponente e moderna Arena Multiuso. No bairro de Engenho de Dentro, a maior obra desse Pan: o Estádio Olímpico João Havelange, vulgo Engenhão. A capital carioca conta agora com uma estrutura digna para o incentivo à prática esportiva, e é com esse aparato que em 2009 concorrerá com outras cidades como Chicago (EUA) e Tóquio na disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Bola Fora
Com toda pompa, muitas falhas foram verificadas no Pan do Rio, o que já era esperado pela grandiosidade do evento, e é claro, por ser no país chamado Brasil. Foram verificados erros na venda de ingressos. Problemas com a estrutura de alguns locais de prova também prejudicaram algumas disputas. Só para ficar num exemplo e não se estender demais, a final do tênis, vencida com firmeza por Flávio Saretta, foi decidida em um local coberto e improvisado, já que a quadra oficial que podia receber o público não dispunha de cobertura, e a chuva...bom, a chuva tirou do público o direito de ver o Brasil ganhar sua última medalha dourada nesse Pan. O sistema de transporte da cidade que, agora sim, se mostrou maravilhosa, poderia ter oferecido ao público melhores condições de deslocamento. A construção de mais linhas de metrô para atender aos locais de prova do Pan não foi cumprido como o prometido. Mas os problemas com infra-estrutura e organização foram poucos. O que mais queimou o filme desse Pan foram os tumultos causados na maior parte pela torcida. As vaias foram as coadjuvantes desses jogos, e quem as inaugurou foi o Presidente Lula. No entanto, os atletas poderiam ter sido poupados desse incômodo. Tudo bem que deveríamos apoiar nossos atletas, mas um pouco de educação não é pedir demais. É com educação e respeito que devemos agir se não quisermos continuar vendo os argentinos nos chamando de ‘macaquitos’. No vôlei, Ricardinho foi cortado da seleção da noite pro dia, criando uma grande saia-justa na seleção masculina. Os meninos do futebol masculino deram adeus à competição cedo demais. As meninas do vôlei feminino deram um tiro no próprio pé, e como está virando rotina decepcionaram na final, dessa vez contra as cubanas. Mas a pior cena foi ver o vexame da torcida do judô, que não satisfeita com uma decisão da arbitragem, descambou para a baderna, o que acabou incentivando o campeão Aurélio Miguel a entrar na lastimável briga.
Problemas a parte, o que importa é que os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro serão sempre lembrados pela normalidade que a cidade do Rio de Janeiro viveu nos dias de competição. Bom seria se fosse sempre assim. Não vimos àquela guerra que assolava a cidade dias antes. A força tarefa formada para a segurança dos jogos deu um clima de paz e tranqüilidade para a cidade, que finalmente viveu dias de maravilha. E ainda por cima, pudemos mostrar para as Américas e para o mundo que temos condições de sediar competições de grande porte e que temos tudo para virarmos uma grande potência do esporte mundial. O Pan foi uma escola para errar e aprender, e para quem sabe um dia podermos sediar uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada com mais destreza. É o que esperamos, é o que o povo brasileiro quer. É o que merecemos.

domingo, 8 de julho de 2007

DE BRAÇOS ABERTOS PARA O MUNDO

Por Joannes Lemos



No último sábado, 07 de julho, o Brasil e o mundo receberam um grande presente. Após meses de votação, nosso Cristo Redentor foi eleito uma das novas sete maravilhas do mundo moderno. Um feito e tanto, mas que não foi em vão, afinal de contas, nosso candidato é um dos mais belos da disputa. Entre 200 candidaturas, o Cristo foi selecionado por especialistas para ser um dos 21 finalistas, todas indicadas pelo público.
A estátua de Jesus Cristo, com cerca de 38 metros de altura, foi inaugurada no dia 12 de out
ubro de 1931. Projetada pelo engenheiro Heitor da Silva Costa, a obra foi executada pelo escultor francês Paul Landowski, que trabalhou o projeto em pedra-sabão, retirada do próprio Corcovado.
Desde sua inauguração até os dias de hoje, o monumento foi visitado por centenas de milhares de pessoas de todas as partes do mundo. As mais diversas nacionalidades se cruzam todos os dias aos pés da estátua do Salvador, fazendo o local se tornar uma espécie de Torre de Babel dos
trópicos. São pessoas que levam de volta para suas casas uma lembrança, uma imagem, um símbolo de liberdade e hospitalidade, através dos flashes de suas câmeras fotográficas.
Porém, 709 metros abaixo da bela escultura, uma cidade apelidada de ‘maravilhosa’ vive um dos piores momentos de sua existência. Em vários cantos da grande metrópole carioca, a população se vê em meio a um grande conflito civil, uma verdadeira guerra entre traficantes e autoridades.
Várias autoridades brasileiras parabenizaram a vitória de nosso representante, entre as
quais o Presidente Lula. A Ministra do Turismo, Marta Suplicy, está satisfeita e espera um aumento no número de turistas no Rio de Janeiro, depois do esperado resultado. Agora, é só ‘relaxar e gozar’, como gosta de alardear a bela dama paulistana.
DAQUI PRA FRENTE
O que se espera, realmente, é um aumento na quantidade de turistas que visitam a região, pois isso é fundamental na geração de novos empregos e no incentivo a economia. Em 2006, 1,7 milhão de pessoas visitaram o Rio de Janeiro. Espera-se,
também, que o governo carioca dê suporte para que os visitantes possam ter total segurança ao visitar a cidade, e que estes não precisem se ajoelhar aos pés do protetor implorando por segurança.
Além da segurança nas proximidades do morro do Corcovado não ser das melhores, chama também atenção o aspecto histórico ligado à escultura brasileira. Todos os outros eleitos possuem algum fator histórico importante em suas construções, em suas origens, como a grande Muralha da China, onde várias pessoas pagaram com suas vidas
pela construção da grande barreira oriental. A própria Unesco não apoiou o concurso, por não possuir critérios científicos, sendo um concurso informal, baseado em votos populares (internet e telefone), que ultrapassaram 100 milhões de votos. As outras maravilhas eleitas (confira as imagens da sequência que segue ao lado) foram a já citada Muralha da China; o monumento de Petra, na Jordânia; a cidade inca de Machu Picchu, no Peru; a pirâmide de Chichén Itzá, no México; o Coliseu de Roma, na Itália; e o Taj Mahal, na Índia. O concurso foi promovido pela entidade suíça New 7 Wonders Foundation, especializada em restauração e preservação de monumentos.
O Brasil merece, com certeza, ter um representante entre as Sete Maravilhas do mundo, porque simplesmente é um país maravilhoso. Temos muitas desigualdades, sim temos. Temos muitas adversidades, sim temos. Temos muita corrupção, nossa e como temos. Mas temos um povo excepcional, que apesar de todos os infortúnios e de todos os impostos, é um povo que está todos os dias com um sorriso aberto de ponta a ponta do rosto. E que está e sempre estará protegido sob os braços do Redentor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

LEMBRANÇAS DA SAUDOSA MANCHETE

Por Joannes Lemos
Neste mês de Junho, a TV Manchete completaria 24 anos se ainda estivesse no ar. A emissora foi inaugurada em 1983, e encerrou suas transmissões no dia 19 de maio de 1999, dando lugar à bagunçada RedeTV!, de Amílcare Dalevo Júnior. Infelizmente, todos nós perdemos muito com a ausência da Rede Manchete, que foi à falência por causa da má administração a que foi submetida, principalmente depois da morte de seu fundador, Adolpho Bloch, que, certamente, também não teve pulso firme para administrar sua rede de televisão.
Entre 1986 e 1991, a Manchete foi considerada a segunda maior rede de televisão do Brasil e a terceira maior potência televisiva da América Latina. Durante os 16 anos em que permaneceu no ar, a tv da família Bloch ofereceu ao público brasileiro uma grade de programação diversificada e de boa qualidade. Entre seus produtos estavam as telenovelas, umas de sucesso, e outras que não fizeram muita diferença, mas que deram aos telespectadores a chance de acompanhar obras da teledramaturgia nacional que não fossem apenas da Rede Globo. Entre as novelas se destacaram: Dona Beija, Kananga do Japão, Xica da Silva e o estrondoso sucesso Pantanal, que usando e abusando de cenas de nudez e erotismo, conseguiu bater a audiência da Globo no horário nobre por sucessivas vezes, ultrapassando com frequência a casa dos 40 pontos de audiência. Uma façanha fora dos domínios da arquipoderosa Globo. Esse feito nunca foi repetido posteriormente pela Manchete.
E quando se fala no nome Manchete, fica difícil não lembrar também dos seriados japoneses. Entre eles os mais memoráveis são os inesquecíveis Jaspion, Changeman e Flashman, não deixando de citar o êxito do desenho Cavaleiros do Zodíaco. Muitos podem dizer que eram programas com baixa qualidade técnica, que os monstros eram mal produzidos, mas nada disso é capaz de nos fazer esquecer, com muita saudade, daquela magia que só as crianças – no caso nós- sentíamos ao olhar em ação aqueles bonecos com suas coreografias mirabolantes.
Vistoso também era o jornalismo da emissora, sempre sério e imparcial. O carro-chefe do canal sempre foi o Jornal da Manchete, que esteve na programação desde o primeiro até o último dia. Em s
eus primeiros tempos, o Jornal da Manchete ficava no ar por até três horas. Vários grandes nomes do jornalismo brasileiro passaram por este telejornal, na função de comentaristas, como Carlos Chagas(atualmente no SBT Brasil) e João Saldanha. Outros programas jornalísticos também tiveram certo sucesso, como o Câmera Manchete e o Na Rota do Crime, que alavancaram a audiência e o faturamento da empresa por algum tempo.
ENTRANDO EM DECLÍNIO
Mas, a partir de 1991, a Manchete entrou em uma grave crise econômica, e a causa mais conhecida para a complicação financeira seria o alto investimento na novela Amazônia, produto que a emissora lançou com a intenção de pegar carona no mega-sucesso Pantanal, e que acabou não resultando em grandes benefícios para o canal devido a baixa audiência. Aliado a isso, a rede acumulou uma grande dívida trabalhista e atrasos nos pagamentos dos funcionários, resultando num montante que só aumentava a cada ano. As crises pioraram com as greves dos funcionários da emissora, que chegaram a tirar o canal do ar. No final de 2005, tive a oportunidade de entrevistar o jornalista capixaba Xerxes Gusmão (In Memorian) para um trabalho da faculdade. Xerxes foi por alguns anos diretor nacional de vendas da TV Manchete, e na ocasião disse que um dos erros iniciais da Manchete foi lançar uma programação ‘Classe A’, com programas de gosto refinado, que eram sucesso de crítica mas, em alguns casos, fracasso de público, já que os telespectadores da tv aberta no Brasil são atraídos por programas mais populares. Isso também teria feito a emissora acumular dívidas já no início de sua trajetória, surtindo efeito por toda sua existência.
Em 1996, o canal lançou a novela Xica da Silva, com a primeira protagonista negra da teledramaturgia brasileira, vivida pela estreante Thaís Araújo. Os índices da novela foram satisfatórios para os padrões da emissora, mas não a ponto de apagar o incêndio financeiro. As novelas que vieram em seguida viram seus índices despencarem, e a dívida da empresa com funcionários e fornecedores ultrapassava os R$ 30 milhões. Com a promessa de ter sua concessão cassada, a solução encontrada foi vender as cinco concessões da emissora, que passaram para as mãos do empresário Amilcare Dalevo, dando origem à RedeTV!.
Hoje, o que resta da extinta Manchete são as lembranças de um tempo áureo, majestoso e inesquecível. O imponente prédio-sede da emissora no Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer, irá a leilão. Está avaliado em R$ 42 milhões, e o valor da venda será usado para pagar dívidas, que não deixaram de existir com a extinção do canal. Mas, com certeza, a maior das lembranças é o logotipo do canal: o M de Manchete, um M de memórias, boas memórias.

terça-feira, 29 de maio de 2007

PELO RETORNO DA RCTV

Por Joannes Lemos

Como estudante de jornalismo não posso me calar. Tirar do ar uma emissora consolidada no mercado assim, de forma tão cruel e de maneira torpe, é desumano, insano. Todos já sabem que estou falando da RCTV - Radio Caracas Televisión-, a emissora de televisão de maior audiência da Venezuela. Após ficar 53 anos em operação, o sinal da emissora saiu do ar, à 23:59hs do último dia 27.
E o sinal da emissora sumiu por um motivo totalmente banal. O senhor Hugo Chávez não agüentou ver a rede de TV de maior destaque no país fazer oposição ao seu governo com cara de ditadura, e como uma criança que recorre à mãe, tirou a emissora do ar. “Vou contar tudo pra minha mãe”, deve ter esbravejado o presidente-bebê-chorão.
Agora, mais de 2000 mil trabalhadores, divididos entre artistas, jornalistas e técnicos ficaram sem seus empregos. Mas isso nem é o pior. No lugar da RCTV entrou a TVes, emissora estatal que vai falar, é óbvio, das boas ações do governo venezuelano. Como se não bastasse, o Supremo Tribunal da Venezuela
decidiu que a RCTV deve entregar à estatal TVes, de forma temporária, sua infra-estrutura tecnológica. Agora, a venda nos olhos do povo venezuelano ficou mais apertada. Bom, se tivesse que falar das más ações do governo acho que eles teriam que criar outra emissora. Faltaria espaço.
Por hora, vamos torcer para que a população da Venezuela não se aquiete. Que todos saiam às ruas, gritem, esbravejem e reclamem de todas as formas o retorno da RCTV. A vontade de 80% da população que foi contra o fechamento da emissora deve prevalecer sobre os caprichos do senhor ditador Hugo Chávez.

domingo, 6 de maio de 2007

HOMEM - ARANHA 3

Por Joannes Lemos
Dizem que a moda na indústria cinematográfica atualmente são as trilogias. Grandes sagas de sucesso do cinema contemporâneo foram contadas em três partes, como O Senhor dos Anéis e Matrix, e todos com grande sucesso de público e crítica. Talvez essas histórias tivessem mais condições de oferecer ao público mais conflitos, emoções e dramas. Porém, seus produtores resolveram acabar com tudo no terceiro ato. Com o longa Homem-Aranha 3 (Spider-Man 3, EUA, 2007) a exceção poderia fugir à regra, como aconteceu com Harry Potter. O terceiro filme que conta a saga do herói-aracnídeo poderia dar passagem para a quarta, e, quem sabe, para a quinta e sexta aventura da série. História e inspiração para tal não falta.
Com um orçamento de US$ 258 milhões, este é o filme mais caro da série e do cinema americano, superando o caríssimo King Kong, de Peter Jackson. E o orçamento caro fez jus na tela. O que vemos em 140 minutos de história é muita emoção, adrenalina a mil, cenas bem montadas, efeitos especiais de primeira linha, e é claro, muita ação, conseqüência do excesso de vilões: o homem-areia, assassino do tio de Peter Parker, que após fugir da prisão, sofre um acidente em uma experiência nuclear e acaba se transformando no bem produzido homem empoeirado; Harry Osborn, que não desistiu de vingar a morte de seu pai, Norman Osborn; e por último e não menos perigoso, um simbionte vindo do espaço cai na Terra e, literalmente, gruda na vida de Peter.
Esse grude provoca um dos pontos altos do filme, já que a geléia preta do espaço toma conta da personalidade do nosso herói quando usa a roupa escura, deixando de lado a vestimenta com as cores da bandeira americana. Com o poder e a vontade revigorados, Peter se senti melhor e mais poderoso com a roupa preta, e isso lhe é oferecido já que o tecido do novo traje é na verdade o simbionte. Aí começa uma luta emocional e pessoal sobre o que é certo e errado, e se fazer o bem compensa mais do que fazer o mal. Conflitos à parte, nosso amigo aracnídeo precisa passar no teste de amor com Mary Jane, já que seu relacionamento fica abalado depois da crise de identidade.
Homem-Aranha 3, além das características de uma superprodução, é uma boa opção não apenas por ser ótimo produto de diversão, mas por trazer mensagens capazes de colocar o espectador pra pensar, como a troca da vida particular pelo mundo da fama, descritos no filme com a alta popularidade do herói na cidade de Nova York,e consequentemente o assédio da imprensa sensacionalista, e a busca de Mary Jane por um lugar nos palcos.
Homem-Aranha é muito mais do que apenas as cenas de luta ou de passeio do aracnídeo entre os prédios da grande metrópole americana. É um conjunto de cenas com ótima fotografia, sincronia, bons ângulos, aliado a diálogos bem resolvidos. Enfim, um filme que não merece seguir a tendência das trilogias.


segunda-feira, 2 de abril de 2007

PODE FICAR NO MEU LUGAR


Por Joannes Lemos

Durante muitos anos, o SBT reinou isolado na segunda colocação da audiência das emissoras de sinal aberto do Brasil. Qualquer programa que o canal colocasse no ar era garantia de bons pontinhos no Ibope. Quando atingia seus 20 pontos, já era um bom resultado pra emissora de Silvio Santos, que nunca teve a pretensão de chegar ao primeiro lugar, posto ocupado pela Globo há mais de três décadas.
Pois é, mas a Record tem essa pretensão. E já alcançou o feito que poucos acreditavam ser possível. Depois de entrar de cabeça por melhores resultados na audiência, a emissora paulista finalmente conseguiu desbancar o SBT, e assim, assumiu a segunda colocação entre as emissoras brasileiras.
E como se não bastasse, os diretores da emissora não se deram por satisfeitos. Ao contrário do SBT, deixaram bem claro que não vão se acomodar na segunda posição, e querem, por mais incrível que possa parecer, chegar à liderança de audiência. Para conseguir tal resultado e suplantar a Globo, a Record não polpa esforços. Está investindo milhões para se adequar às exigências do público e deixar sua programação bem parecida com a da Globo. O jornalismo do canal é o segundo mais visto do país. As novelas, idem. Vários profissionais responsáveis por estes dois setores vieram do canal carioca, de atores a diretores, e profissionais do jornalismo.
Enquanto isso, a bruxa anda solta pelos lados da Anhanguera, onde estão localizados os estúdios do SBT. Entra semana e sai semana, e a programação da emissora de Silvio muda. O jornalismo do canal não conseguiu ainda dizer a que veio, mesmo com a contratação de nomes de peso, como Ana Paula Padrão e Carlos Nascimento. E as novelas hein? Sem comentários. Ninguém é obrigado a engolir uma novela adaptada de uma outra mexicana, e que aqui ganhou o nome de Maria Esperança.
A esperança para o SBT já foi embora há tempos. Se a Record conseguiu chegar aonde chegou é porque fez um planejamento a longo prazo, coisa que o SBT nunca soube o que é. Não é por acaso que a atual vice-líder planeja alcançar a primeira colocação em um prazo de 10 anos. Eles pensam no futuro. Recentemente, compraram até os direitos de transmissão das Olimpíadas 2012, com exclusividade, desbancando a toda poderosa Globo. Mas o investimento para alcançar tal feito foi pesado, cerca de R$ 60 milhões.
Agora, quem deve estar de cabelo em pé é a alta cúpula da Globo, que vêem no avanço da Rede Record uma séria ameaça. E, se não se mexerem e ficarem acomodados como o SBT, correm sim o risco de perderem o posto que ocupam desde o início da década de 1970.

sexta-feira, 30 de março de 2007

O PODER DO MOUSE

Por Joannes Lemos

Na segunda metade da primeira década do século XXI, o mundo vive às voltas com vários contratempos. Aquecimento global de um lado, crises financeiras e o perigo das armas nucleares do outro. E, no meio disso tudo, a revolução da comunicação através da internet. Na 1ª Semana de Comunicação da Faesa, um dos temas que mais despertou interesse de alunos e professores foi esse, o jornalismo na era da web 2.0.
Se você ainda não ligou o nome à pessoa, vamos lá. Web 2.0 é a participação dos usuários do meio na construção de novas mídias, ou seja, o próprio internauta colabora na criação e transformação de interfaces da
internet, promovendo a criação de redes sociais. Para exemplificar, temos o Youtube – que teve grande destaque na morte de Saddam Hussein -, que cresce em números de acesso a cada dia, graças aos vídeos postados pelos próprios usuários. Outro fenômeno dessa dita nova era da internet é o Orkut, rede de socialização onde o eu se tornou nós.
Mas não poderia deixar de citar os blogs. Grande parte das pessoas que têm acesso à rede mundial quer deixar sua marca na teia virtual, seja uma marca com um ponto de vista sério ou fútil. Assim, o Blogger e Wordpress viraram epidemia, com tema de tudo quanto é tipo, e gente achando que está fazendo jornalismo. A tendência cada vez maior é a produção de conteúdo informativo ser feita através da internet. Isso se deve, em parte, à vontade de participar da criação de veículos de comunicação.
De olho nesta transformação, os portais de notícias de todo mundo, e também do Brasil, lançaram mão do conservadorismo e criaram sites mais arrojados e com excessos de informação e hiperlinks, que remetem a blogs e afins. Ultimamente, os blogs chegam a receber mais acesso do que portais de grandes mídias. Para não comer poeira, as grandes corporações midiáticas, de olho na internet, tentam criar meios para se adaptar e não perder espaço. Vide o site do Big Brother Brasil, repleto de vídeos, fotos e informações, e com milhões de visitas.
Só no ano passado, foram vendidos mais de sete milhões de computadores no Brasil, segundo o IDC, empresa especializada em consultoria de mercado. Só temos a comemorar, pois quanto mais pessoas tendo acesso à rede, mais democracia na comunicação. Mas como profissionais da informação, devemos nos preocupar. O excesso de informação sem qualidade banaliza e estigmatiza nossa profissão.

quarta-feira, 14 de março de 2007

ARTIGO.COM - Nº 4

A escola no lugar do presídio
Por Joannes Lemos
A sociedade brasileira é o que podemos chamar de ‘expert' nas mazelas da violência. De tempos em tempos, e agora, com certa freqüência, nossas vidas são bombardeadas pela imprensa nacional sobre um novo crime banal. Há pouco mais de um mês, acompanhamos estarrecidos mais um desses acontecimentos, quando, impulsionados pela total falta de humanismo, dois bandidos arrastaram por mais de sete quilômetros o corpo do menino João Hélio, que após um assalto ficou preso ao cinto de segurança do carro conduzido por sua mãe. Um dos envolvidos tem apenas 16 anos.
Momentos depois, a sociedade chocada pedia por justiça e punição para os envolvidos. Mais do mesmo, como já estamos acostumados. Mas desta vez, a pressão por solução foi maior, entrando em pauta uma urgente revisão das leis para efetuar a mudança da maioridade penal do nosso país. Isso fez o Congresso Nacional se mobilizar para votar novas medidas.
Neste momento fica no ar uma pergunta intrigante. Seria possível reduzir os índices de violência com tal medida? É claro que infratores como os assassinos do pequeno João Hélio devem ser punidos. Porém, a solução para diminuir os índices de violência não seria misturar os jovens com todo tipo de bandido. Outras medidas inadiáveis devem ser realizadas no momento.
Uma delas seria colocar em prática o Estatuto da Criança e do Adolescente, pejorativamente conhecido como ECA. Nossos jovens, principalmente aqueles que são vítimas da ausência de políticas públicas, necessitam de educação, cultura, lazer e saúde. A implantação de mais centros de aprendizagem profissional nos centros urbanos também é um importante caminho, que podem impedir que os menores, sem perspectiva de sobrevivência, se misturem com o tráfico de drogas e com adultos infratores.
Não seria o melhor caminho misturar adolescentes de 15 ou 16 anos com gente de péssima índole nos nossos presídios, que todos sabem, funcionam de forma precária. A permanência nesse tipo de local ia fazer com que eles se tornassem pessoas mais revoltadas com o sistema, pois as casas de detenção do Brasil não têm demonstrado aptidão de recuperar a capacidade de convivência social de seus internos, que passam anos descumprindo a lei dentro dos próprios presídios. Então, vamos lutar menos por leis que nunca são cumpridas e lutar mais por boa educação.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

TEMA GERAL

Colhemos o que plantamos

Por Joannes Lemos
Nosso planeta está doente. Relatórios divulgados recentemente pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC -, órgão das Nações Unidas, mostra que a Terra está sendo transferida do quarto de observação para a UTI. O causador desse quadro patológico desta senhora são seus próprios filhos. Ao longo de tantos anos, a saúde do planeta foi intensamente atacada por aqueles que deveriam conservá-la. O homem é o principal causador de tanta deterioração, e agora, as conseqüências são inevitáveis.
O aquecimento global é uma realidade triste e obscura, e muito, muito quente. A previsão é de que a temperatura da Terra cresça, na melhor das hipóteses em 1,8ºC, e na pior das hipóteses em 6,4ºC. Mas 3ºC já será considerado aumento suficiente para provocar um caos. O que podemos sentir na pele nos últimos anos, principalmente no Brasil – país com históricos de muito calor – é que a temperatura cresce de fato. E é bom preparar o protetor solar, já que 2007 promete bater todos os recordes de calor.
Mas não é só de calor que os filhos mal-criados da Terra sofrerão. São esperados, com muita preocupação, fortes tempestades, tufões, furacões e ciclones que castigarão vários países caribenhos, asiáticos, europeus e é claro, o todo-poderoso Estados Unidos, um dos países que mais contribuem para o agravamento da situação dantesca, e um dos que menos trabalham para reverter a situação. Em 2004, o mundo acompanhou com apreensão a chegada do primeiro furacão registrado no Atlântico Sul, o Catarina, que atingiu o estado de Santa Catarina com ventos superiores a 120 km/h, e que foi sentido em outros estados, como Rio Grande do Sul e Paraná.
Todas as regiões do Brasil sentirão os efeitos do aquecimento global, seja com maior ou menor intensidade. O nordeste do nosso país mais uma vez será um dos que mais sofrerão as conseqüências. A previsão para a região é totalmente pessimista e desanimadora. O prognóstico do IPCC é de que a região da caatinga poderá desaparecer e se transformar num semi-deserto nas próximas décadas. Milhões de pessoas que dependem da agricultura serão afetadas. Até nisso o aquecimento global é injusto, já que prejudicará principalmente os mais pobres e já sofridos habitantes do nordeste. E o sul e sudeste do Brasil também podem se preparar, porque muita chuva virá, com mais força e em um espaço de tempo muito curto, onde os mais prejudicados também serão, mais uma vez, as classes mais baixas.
Os prejudicados pelo desequilíbrio ecológico também estarão espalhados por outras partes do mundo. Os países que estão abaixo do nível do mar já estão em alerta. Holanda, Bélgica e Bangladesh, entre outros, já podem preparar suas medidas de segurança, já que o nível dos mares, segundo os resultados do IPCC, poderá aumentar entre 18 cm e 59 cm nos próximos anos. As milhares de cidades costeiras espalhadas por todos os continentes poderão ser atingidas pelo avanço do mar. Aqui no Brasil, Vitória, Rio de Janeiro, Florianópolis, São Luis e as outras banhadas pelo Atlântico podem sofrer as conseqüências do derretimento das calotas polares. Novas Venezas surgirão?
Se teremos novos roteiros para fazer passeios de gôndola ainda não é possível afirmar, mas fazer passeios para a Patagônia ou para os Alpes Suíços para uma deliciosa prática de esqui ficará cada vez mais difícil e, diga-se de passagem, antiquado. A massa gelada derrete com mais velocidade a cada ano. Velocidade esta que nem o mais hábil e veloz dos esquiadores é capaz de acompanhar. No Ártico, o gelo desaparecerá totalmente durante os meses do verão na segunda metade do século. Muitas das requintadas geleiras dos Alpes Suíços podem desaparecer até 2037 se atitudes drásticas não forem tomadas. Na Antártica, várias massas imensas de gelo se desprendem do continente em direção ao oceano, derretendo e provocando aumento do nível das águas marítimas.
O colapso está bem claro. Depois dessa pequena lista de tragédias anunciadas – sim, porque as catástrofes que virão são em maior quantidade que essas que mencionei – o que cabe a nós, filhos da Terra, é encontrar uma forma que possa contribuir para amenizar os estragos que, ao longo dos anos, e principalmente depois da Revolução Industrial, colaboraram nas alterações climáticas do mundo. A contribuição para um planeta melhor vai além de reduzir os índices de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. O uso desnecessário de ar condicionado deve ser controlado, para poupar a preciosa energia e diminuir os gases que o aparelho joga na atmosfera. Usar o transporte público com mais freqüência, já que além de sair mais em conta, quanto menos carros nas ruas, melhor. Assistir ao documentário “Uma Verdade Inconveniente”, do ex-vice-presidente e ex-futuro presidente dos EUA, Al Gore, também ajuda, porque ele nos dá a real dimensão da gravidade da situação, e ainda, o desprezo por parte de alguns ‘donos’ do poder com relação ao agonizante estado da Terra.
Agora, não adianta que os laboratórios farmacêuticos inventem super-fórmulas de protetor solar fator 150 ou 200, ou que casas flutuantes à prova de enchentes sejam vendidas em lojas de departamentos. O que vale é as ONG’s, a população, a direção das grandes indústrias poluidoras e os governantes discutirem e estabelecer a melhor forma de diminuir os estragos provocados. Somente diminuir, pois nem adiantaria mais reduzir as emissões de CO2 à zero. O mal está feito, e as conseqüências dos danos serão sentidas pelos próximos mil anos.
Resta saber se resistiremos por tanto tempo.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

ALIANÇA DOS ALÍENIGENAS ALIENADOS - Nº 2

E enquanto 2010 não chega...
Por Joannes Lemos
Nasce mais um ano, e com ele, somos surpreendidos mais uma vez pela implacável organização que tem apenas um objetivo: se apossar dos domínios do Brasil. O dia 1º de fevereiro é marcado pelo reaparecimento dos novos membros da aliança que há tempos vêm assolando os quatro cantos do nosso imenso território.
A existência desta confraria não é segredo pra ninguém. Eles estão presentes em todos os estados do Brasil com seus representantes. A mídia nacional e internacional promove ampla cobertura jornalística dos eventos que coroam o novo reinado dos membros da comunidade, que chegaram aonde chegaram com o apoio dos terráqueos. Isso mesmo, em pleitos que acontecem periodicamente, a democracia acabou elegendo entre vários candidatos humanos alguns extraterrestres. Candidatos esses que não tem o menor compromisso com o país verde-amarelo, que fazem questão de mostrar o quanto vil e torpe são, talvez por não possuírem o caráter que se imagina existir na maioria dos humanos. O caradurismo e a desfaçatez imperam na índole desses facínoras.
Mas que fique claro: entre os membros da nova gestão legislativa da nação existe a minoria - esta por sua vez humana -, séria, competente, de boa estirpe e que está antenada com os problemas da imensa massa populacional que vive mergulhada na carência, e é claro, a mercê da Aliança dos Alienígenas Alienados. Mas essa pequena minoria é insuficiente para vencer a potente aliança.
Agora, caros amigo, é ficar de olho no noticiário político e vigiar como verdadeiros cães de guarda o trabalho - ou a falta dele - da entidade do planeta Corrupturno, e quem sabe, não cometer as mesmas bobagens na próxima vez. Sei que o desafio é difícil, e quem sabe se com o bom senso de todos um dia essa raça malcheirosa deixe de existir. Não custa nada tentar.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

CRONICAMENTE FALANDO - Nº 3

O Perigo é mais embaixo
Por Joannes Lemos
Numa cidade imensa como Gigantópolis é preciso ter bastante cuidado ao sair pelas ruas. O trânsito é complicado, e o risco de colisões e atropelamentos é constante. Fora os perigos dos assaltos, porque os meliantes estão por todos os cantos. Não bastasse isso, ainda é preciso ter consciência de onde se pisa, já que Gigantópolis agora foi acometida por um estrondoso problema: os desabamentos de ruas.
Um dia bonito, uma caminhada tranqüila por uma rua de um bairro familiar, e, quando menos se espera – e nem é possível imaginar – tudo o que está aos arredores afunda, para as profundezas do desconhecido. Tem início uma luta pela vida, onde as equipes de socorro da grande cidade procuram por vítimas. O trabalho não é fácil, e somente depois de exaustivos dias de trabalho são encontradas as vítimas de um projeto executado de forma assustadoramente incorreta.
Algumas famílias que moram – ou moravam – no local do acidente perdem suas casas, e com elas, as lembranças de toda vida.
A tragédia de Gigantópolis é estampada no noticiário nacional e internacional. Começa um jogo de empurra-empurra para saber de quem é a culpa pelo desastre. O impasse, assim como em uma novela, terá vários capítulos.
Mas de tudo o que aconteceu, uma coisa ficou bem clara: a persistência e garra das equipes de salvamento, que trabalhavam incansavelmente dia e noite, para, enfim, proporcionar um fim digno para aqueles que perderam suas vidas em meio às toneladas de areia e pedra.
Agora, sempre que sair de casa, a população de Gigantópolis ficará bem atenta por onde pisa, pois mais um problema afeta a vida da cidade: as ruas que desabam.