sexta-feira, 11 de abril de 2008

A DEUSA VENCIDA


Por Joannes Lemos

O Espírito Santo nunca bombou tanto na mídia internacional como nas últimas semanas. O aeroporto de Vitória, que já é de proporções mínimas, ficou ainda menor quando um batalhão de jornalistas da imprensa local, nacional e internacional – muito chique isso - deu um rebuliço a mais no até então pacato lugar. Tudo para receber, ou melhor, fotografar, perguntar, cotovelar, enfim, urubuzar mesmo, aquela que foi apontada como uma das responsáveis pela renúncia de Eliot Spitzer, ex-governador de Nova York.
Andréia Schwartz, 31, nasceu em Vitória. Quando ainda criança seus pais se divorciaram e ela foi morar com o pai em Colatina, norte do Estado. Aos 13, voltou para a casa da mãe, época que começou a ajudá-la como manequim numa pequena loja de biquínis. Quando da ocasião de uma feira de carros em Vila Velha, Andréia foi vista e admirada por representantes de uma empresa, que imediatamente a levaram para o Rio de Janeiro. Lá, ela conheceu muita gente, fez contatos e engatou namoro com um italiano. Em 1997 foi morar fora, conheceu mais pessoas, terminou o namoro, começou outro, num jogo de xadrez onde as jogadas se repetiam constantemente, mas o xeque-mate nunca chegava.
Mas, num belo dia - só para usar um trocadilho batido - Andréia foi parar na capital mais famosa do mundo. E lá os sonhos de menina passaram como de relance em seu globo ocular, e os altos prédios de Manhattan pareciam cada vez mais reais nas possibilidades dessa ‘empreendedora’, como ela gosta de se definir. Ela não exagera. O primeiro apartamento que ela comprou em Nova York custou apenas US$ 1 milhão de dólares. Fica até difícil entender como as leis americanas dão espaço para que um estrangeiro ilegal, ainda por cima latino-americano, compre um apartamento nesse valor. Ela o revendeu por US$ 1,6 milhão. Isso que é ter espírito empreendedor e tino para os negócios. Em entrevista concedida para alguns veículos de comunicação, a excêntrica Andréia disse que sua coleção de sapatos, bolsas e vestidos consumiu US$ 200 mil.
Vivendo ilegalmente em Nova York, mas morando bem e com uma teia diversificada de contatos, Andréia começou a se envolver com negócios obscuros. Segundo a imprensa americana, Andréia trabalhou como prostituta de luxo no Emperors Club Vip e depois montou a própria rede em seu apartamento. Lá, a polícia encontrou 7 gramas de cocaína. Mas ela insistiu e é categórica: “Não sou prostituta nem cafetina”. Ela pode até não ser uma sirigaita, marafona, dissoluta e ardilosa, mas também não deve ser flor dos mais belos jardins.
As más e boas línguas dizem que ela agenciava encontros do ex-governador de Nova York com prostitutas de luxo, em programas que custavam US$ 4 mil por cada hora. Presa e solta, ela afirmou que não foi favorecida com a delação premiada, que ocorre quando um condenado ajuda as autoridades com informações importantes em algum caso, em troca de relaxamento de pena. Se ela ajudou ou não o FBI nas investigações isso só ela própria e a polícia americana sabem.
Durante os anos em que morou nos EUA, Andréia freqüentou os mesmos eventos por onde circulavam pessoas ilustres como o ator Bruce Willis, a cantora Beyoncé e políticos influentes. Por causa da ambição desmedida, hoje, ao invés de usar sua coleção de relógios caros, como um autêntico Rolex, ela precisa ver as horas em um relógio Dumont emprestado pela mãe. Seu apartamento na cobiçada Ilha de Manhattan foi seqüestrado pelo governo americano, assim como os outros bens que possuía na terra do Tio Sam. Aqui no Brasil, nem casa própria tem. Na casa da família ela não fica. Prefere ficar escondida na casa dos amigos para ficar distante da imprensa, inclusive da internacional. Ela está podendo. É a celebridade do momento. Agora só falta ela se inscrever no BBB9 como modelo, miss ou dançarina, e assim projetar de vez nosso Estado. Mais uma vez como patinho feio. As Organizações Globo agradecem.