quinta-feira, 21 de maio de 2009

A POPULARIZAÇÃO DAS IMAGENS POR MEIO DAS LENTES FOTOGRÁFICAS

Por Joannes Lemos

A fotografia foi vista por muito tempo como uma arte, e ainda hoje é descrita como tal. E não é para menos, pois o ato da fotografia envolve um verdadeiro ritual, mesmo com o surgimento de inovações ao longo do tempo. Dos equipamentos pesados com rolos de filmes P&B aos modernos equipamentos digitais a fotografia ainda é capaz de despertar deslumbre. A preparação do equipamento, o ato fotográfico, a reprodução do material e o ato de ver como a imagem ficou: tudo isso vem com uma série de significados, que pode variar de sentido e de pessoa para pessoa.

A primeira fotografia oficial de que se tem notícia é datada de 1826, sendo atribuída a Joseph Niépce. Naquele tempo o nobre francês não imaginava o salto que a até então inovadora arte visual daria no tempo. Se hoje qualquer pessoa pode registrar seus mais singelos momentos com uma câmera digital à tira colo, nos tempos de Niépce isso não era tão fácil, a começar pelo tempo de exposição para que a imagem fosse capturada – inimagináveis nos dias corridos de hoje. Além de Niépce outros nomes marcaram o mundo da fotografia, como Daguere e Cartier-Bresson.

Na primeira parte do século XX, antes da 2ª Guerra Mundial, a fotografia esteve presente nos mais diversos contextos, registrando tudo o que podia. Dos momentos trágicos estampados nas poucas fotografias do episódio catastrófico do Titanic, passando pelas agruras dos bombardeios na Europa e do gigante cogumelo levantado após a explosão da bomba atômica de Hiroshima. A fotografia naqueles tempos em que as artes eram mais bem definidas – sem tantas interferências e estilos numa única obra como acontece hoje, que originou a chamada crise de representação – teve papel importante principalmente no sentido de manter viva a memória daqueles que não vivenciaram determinados episódios. Era essa a finalidade e sentido da fotografia, registrando momentos com equipamentos caríssimos e não menos pesados.

Se há muitos anos uma câmera fotográfica era símbolo de conhecimento de uma arte por parte de quem possuía uma dessas máquinas, atualmente ter uma câmera na mão, mesmo que possante, não desperta tanta admiração em quem não a possui – com exceção daqueles que se identificam ou vivem de fotografia. Esse processo de popularização começou primeiro com o barateamento das máquinas fotográficas, facilitando o acesso ao mundo das imagens mesmo por quem antes não sonhava ter uma. Bem mais tarde veio o advento da digitalização, fazendo com que a fotografia e as máquinas caíssem no gosto popular.

Foi na pós-modernidade que a fotografia de fato se depara com seu maior boom, quando em 1990 a Kodak lança a primeira câmera fotográfica digital comercialmente disponível, a DCS 100. De lá pra cá já se vão quase 20 anos, e o significado de tirar uma fotografia se tornou tão popular que é quase banal. É fato que um verdadeiro fotógrafo para ser considerado bom naquilo que faz precisa aperfeiçoar o que tem de melhor. Mas a popularização da imagem através da fotografia deixou muita gente com a sensação de que para fazer boas imagens basta apenas apertar um botão, sem se preocupar com enquadramento, profundidade e composição. Muitos não sabem o que isso significa, outros, no entanto, criaram tanto gosto e empatia com o instrumento que caíram de cabeça na garimpagem das técnicas.

Hoje a imagem de um equipamento fotográfico pode representar vários lances nas cabeças pensantes. Uns notam a profissionalização da arte, outros enxergam um trabalho de fotojornalismo, outros miram seus pensamentos no mundo do glamour. E muitos pensam simplesmente no registro de momentos como a memória de um instante que passou, o que pode trazer à tona sentimentos diversos.

Mesmo com as mudanças distintas que a fotografia experimentou durante décadas, ela se concentra basicamente em interpretar os fatos através das imagens, mesmo que um fotógrafo amador faça isso inconscientemente. E esse gesto pode ser representado não apenas pelo ato de tirar a câmera da bolsa e empulhá-la diante do objeto da imagem, mas atualmente também pela ação de retirar o celular do bolso para registrar momentos simples carregados de sentidos. Mas é importante ressaltar que as referências vão se perdendo no decorrer das mudanças de visual, estilo e função das máquinas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O MASSACRE DOS PORQUINHOS

Por Joannes Lemos

Não se fala em outra coisa nas últimas semanas. E todo o mundo fica preocupado com as proporções da “nova praga mundial”: a gripe suína. A doença, classificada como Gripe A, codinome H1N1, é transmitida de pessoa a pessoa principalmente por meio da tosse ou espirro e de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Até a publicação desse artigo, eram contabilizados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) 5.728 casos de infectados pela gripe suína em 33 países. No relatório estavam incluídas 61 mortes.

Não dá para ficar alheio em relação aos desdobramentos do novo subtipo da gripe. Um dos países que mais sofre com a doença é o México, por ter sido o epicentro do H1N1. Boa parte dos infectados está nos Estados Unidos, mas a maior quantidade de mortos está na nação mexicana: 56. Espalhando-se rapidamente por outros países, inclusive chegando ao Brasil, é natural que as autoridades, principalmente o Ministério da Saúde, fiquem em alerta.

O que é de praxe mais uma vez acontece, com a exploração e a cobertura quase integral dos jornais, revistas, internet e emissoras de rádio e televisão do Brasil. O que é fácil notar, principalmente no caso das emissoras de TV, é a regra do desespero. Também pudera, pois a ordem parece ser a de colocar pânico e não informar nada.

É óbvio que cuidados precisam ser tomados, principalmente pela facilidade de alastramento que a nova gripe tem. O H1N1, no entanto, não tem a letalidade de epidemias como o ebola, pandemia hemorrágica que assolou a África no final do século passado. Ao contrário, a letalidade da gripe suína ainda é baixa. Os sintomas da doença são parecidos com os da gripe comum, com a diferença de que na nova forma do influenza é possível ter diarreia, vômito e muitas náuseas.

O que se vê em algumas mídias é o percebido desde o início da crise mundial. Com a mais recente tensão econômica a necessidade pela informação aumentou. Os jornais impressos, revertendo uma tendência de queda, passaram a vender mais. As emissoras de televisão contabilizaram aumento nos índices de audiência de seus telejornais.

Agora com a gripe suína a ordem parece ser a mesma. Exceder para chamar a atenção, e despertando mais curiosidade a possibilidade de números maiores é ainda maior. Diversos especialistas são chamados para dar entrevistas e esclarecer dúvidas. Praticamente todos dizem que não há motivo para pânico, e que os maiores efeitos da gripe na população seria que, com excesso de enfermos, a economia seria afetada, com muitos ausentes de seus postos de trabalho, o que geraria retração econômica. Mas a maioria dos profissionais da comunicação tenta colocar lenha na fogueira. Isso é bastante percebido na TV. Com isso tem até pessoas falando que não comerão carne de porco. Informação é sempre bem-vinda, mas o excesso dela às vezes gera confusão e desinformação.