quinta-feira, 20 de julho de 2006

CINE MILÊNIO - Nº 3

Vem Dançar
Por Joannes Lemos
A arte da dança sem dúvida é um dom nato. Nem todos que almejam dançar bem conseguem, é preciso gingado. Mas em ‘Vem Dançar’, Estados Unidos, 2006, a questão não é essa. A questão aqui é outra, de cunho social.
Pierre Dulaine (Antonio Banderas) é um dançarino de salão profissional, um mestre da dança. Certa noite, Pierre se depara na rua com um garoto destruindo o carro, que veio a saber depois, ser da diretora de uma escola próxima.
Preocupado com o futuro dos alunos dessa escola da periferia – ou com a falta de futuro – Pierre se disponibiliza junto a Augustine, a diretora, e se oferece como professor de dança para os alunos problemáticos da escola, que possui uma extensa lista de ex-alunos assassinados por estarem envolvidos com o crime.
Aí começa o desafio de Pierre, que tenta ensinar ritmos clássicos, como tango e valsa aos alunos-problema, que estão mais interessados em hip-hop e outros ritmos da periferia. Depois de enfrentar resistência, os alunos vão se dobrando e rendendo-se às investidas de Pierre, e desse confronto nasce um novo estilo de dança, com uma mistura dos ritmos clássicos com os ritmos da periferia.
Depois de muito ensaio, os alunos participam de uma competição de dança de salão com profissionais, e alguns deles conseguem chegar as finais.
Vem Dançar é baseado na história real de Pierre Dulaine (o Pierre original foi consultor artístico do filme). É também uma história bem parecida com outros filmes já conhecidos como ‘Meu Mestre, Minha Vida’, ‘Dança Comigo’ e ‘Ao Mestre com Carinho’, mas aqui a história é verdadeira, um exemplo de uma pessoa interessada em mudar a realidade social de outras pessoas, que convivem com o crime, falta de emprego e recursos, sem nenhuma perspectiva de vida e com todo tipo de disparidades de uma sociedade cada vez mais áspera e mortificante.
É claro que Vem Dançar conta com muitos problemas, principalmente pelo fato de ser dirigido por Liz Friedlander, que é estreante na cadeira de diretora de cinema. Ela se esqueceu, por exemplo, de mostrar com mais ênfase a vida de alguns alunos e seus percalços. No fim do filme ficou ainda uma pergunta: Será que a dança realmente mudou a vida daqueles alunos após a competição de dança de salão?
Apesar dos pesares, fica aí uma boa dica de diversão, com uma mensagem importante para ser refletida nos dias de hoje.

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