quinta-feira, 3 de julho de 2008

DE VOLTA À VIDA


Por Joannes Lemos

"Foi por meus filhos que segui com vontade de sair da selva". Essa foi uma das primeiras declarações de Ingrid Betancourt ao rever os filhos, Melanie e Lorenzo, depois de seis angustiantes anos de cativeiro. A franco-colombiana foi privada do calor do carinho dos filhos. As duas crianças hoje são dois belos jovens. Já a Ingrid da foto ao lado destoa totalmente da atual: abatida, pálida, com profundos sulcos de magreza no rosto. Daqui para a frente, porém, essa imagem ficará no passado. A figura de Ingrid Betancourt deve sempre ser lembrada como a de uma mulher combativa, bela e forte, características que ela nunca perdeu. A perseverança dela é exemplo para todos nós.
Passar pelos maus bocados por que ela enfrentou não foi tarefa das mais fáceis. Só uma pessoa com muito controle emocional e esperança por dias melhores teria força para superar as mazelas de um cativeiro no meio da selva amazônica, incrustada em território colombiano, e sob domínio de mercenários que se diziam revolucionários. Revolução de quê? Da barbárie e da total ausência de discernimento?
A última libertação de prisioneiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que deu a Ingrid o direito de voltar a viver, representa um dos mais duros golpes contra o maior grupo armado da América. Junto com ela, outros 14 reféns foram libertados. Lideranças de vários países deram os parabéns ao governo de Álvaro Uribe por mais uma vitória diante das Farc, como George W. Bush, Nicolas Sarkozi e Lula. Vozes do poder ecoam por todos os lados elogiando a ação libertadora. Mas isso ainda não significa o fim das Farc. Muitas pessoas, sejam elas conhecidas ou não, ainda estão sob o poder desse grupo sanguinário, considerado por muitos como uma facção terrorista. Essa organização de inspiração comunista e que usa táticas de guerrilha, tenta implantar – à força – o socialismo na Colômbia.
Recentemente a organização perdeu seu líder, Manuel Marulanda, mais conhecido como Tirofijo (tiro certeiro) fundador e comandante das Farc. Em março, mesmo mês da morte de Tirofijo, morreu também Raul Reyes, considerado o segundo membro mais importante da organização. Assim, é cada vez mais visível a perda de poder desse grupo. Já não era sem tempo. Nossos vizinhos colombianos precisam de um pouco mais de paz, assim como nossos irmãos da favela da Providência, assim como os iraquianos, assim como os palestinos. Saber que uma organização criminosa como essa perde espaço é uma notícia acalentadora, em um mundo marcado pela indiferença e atitude blasé dos governantes. Tomara que as palavras de Ingrid Betancourt estejam certas: "Eu acredito que é um sinal de paz para a Colômbia, que nós podemos encontrar a paz". Não apenas para a Colômbia, mas para todos nós que precisamos de tranquilidade.


5 comentários:

Unknown disse...

Fico feliz por saber que ela foi libertada e espero que outros prisioneiros tenham a mesma sorte.
Muito bom o texto, um comentário bem factual, e muito bem escrito.
Vc se supera.
Bjs

Unknown disse...

Muito emocionante né? rsrs
e a foto nem parece com ela hj..tá bem diferente, ela podia ter cortado o cabelo e ter ido ao salão antes de aparecer na TV... hahaha
bjus

Anônimo disse...

Esse povo das Farc são uns selvagens, não tem nada de revolucionários...Espero q com a libertação de Ingrid eles não esqueçam os que ainda estão em cativeiro. Parabéns pelo texto, bjs.

Anônimo disse...

Enquanto nós nos assustamos com a insanidade da FARC, nossos vizinhos
se espantam com a calamidade e a violência nas favelas brasileiras... Onde será que é mais perigoso? Vai se saber...
Parabéns pelo texto!
Continue sempre assim!
Um abraço, Bruno.

Anônimo disse...

bela revolucao a que eles conseguiram...na base do terrorismo...