terça-feira, 29 de setembro de 2009

AS HELENAS DO MANECO

Por Joannes Lemos
A dinastia de protagonistas cristianizadas com o nome de Helena surgiu da pena de Manoel Carlos na novela “Baila Comigo”, de 1981. A primeira a sentir na pele a responsabilidade de viver a mulher-marca do autor foi a saudosa Lilian Lemmertz (mãe da atriz Julia Lemmertz). A inspiração oculta, talvez inconscientemente, venha da primeira novela que o autor escreveu, “Helena”, baseada na obra de Machado de Assis e exibida em 1952 pela extinta TV Paulista.

Desde “Baila Comigo” foram sete novelas com uma Helena encabeçando o elenco, oito se for levado em conta a atual “Viver a Vida”. Em 1991, depois de alguns anos dando o ar da graça em outras emissoras brasileiras e estrangeiras – quando escreveu, entre outras, “Brilho” para a TV colombiana e “Isabella, Una Mujer Enamorada” para a TV peruana –, Manoel Carlos retorna à TV Globo com a missão de escrever uma novela para o horário das 18h. Surge “Felicidade”, uma história leve e adequada ao horário em que foi ao ar. Tinha como protagonista Maite Proença, uma das Helenas mais bonitas de Maneco. No elenco de “Felicidade” também estavam Tony Ramos, Laura Cardoso e Vivianne Pasmanter. A novela foi um sucesso retumbante, marcando média geral de 45 pontos.

Depois desse grande sucesso, Maneco escreve outra novela com a missão de levantar a audiência das 18h. Em 1995 vai ao ar “História de Amor”, uma novela bem ao estilo de “Felicidade”. Foi a primeira trama de Manoel Carlos em que Regina Duarte interpreta uma Helena. Isso voltaria a acontecer outras duas vezes, mas, sem dúvida, foi nessa novela que ela fez isso melhor. Na trama, a personagem de Regina entrava constantemente em conflito com sua filha Joyce, vivida por Carla Marins. Cabe ressaltar os nomes de peso da novela, como Eva Wilma, Cláudio Correa e Castro e José Mayer. Com esse time de novela das oito, a história de Helena e companhia foi mais uma vez um grande sucesso da carreira de Manoel Carlos, com média geral de 40 pontos no Ibope.

Não demorou muito, e pouco mais de um ano e meio após o término de “História de Amor” o público já se via às voltas com mais uma Helena. “Por Amor”, de 1997, trazia novamente Regina Duarte ao papel principal, desta vez contracenando com a própria filha Gabriela Duarte. O elenco de peso com nomes como Antonio Fagundes, Susana Vieira e Cássia Kiss foi mais um motivo pelo sucesso da novela das 20h, que trazia ao centro a história do amor de uma mãe capaz de tudo pela felicidade da filha. A interpretação de Gabriela Duarte não foi lá essas coisas, fato compensado pela atuação de sua progenitora. Na média geral, “Por Amor” fechou com 42 pontos, números razoáveis.

Depois de viver duas Helenas seguidas, o melhor era descansar a imagem de Regina Duarte para a personagem. No ano 2000 a Globo leva ao ar mais uma trama contemporânea de Manoel Carlos. Em “Laços de Família” a Helena da vez foi vivida por Vera Fisher. Provavelmente essa foi uma das melhores Helenas do Maneco. Não apenas pelo fato de que era uma personagem capaz de qualquer sacrifício em nome da vida da filha, mas porque Vera deu um ar de fragilidade, força e sensualidade à personagem, tudo isso ao mesmo tempo. Essa Helena foi capaz de abrir mão de seu novo amor, vivido por Reinaldo Gianecchini, quando descobriu que a filha caía de amores por ele. O sucesso de “Laços de Família” foi grande, marcando média geral de 45 pontos.

Se em “Laços” Helena estava dividida entre a filha e o namorado, na novela seguinte de Maneco a Helena da vez estava dividida entre dois homens. “Mulheres Apaixonadas”, de 2003, trouxe a “enxutassa” Christiane Torloni no papel principal. A personagem estava às voltas no casamento com Téo (Tony Ramos) e se via mexida com seu antigo amor César (José Mayer). Como em suas outras novelas a trama de Maneco era povoada por muitos personagens e grandes nomes, como Dan Stulbach, Helena Ranaldi, Susana Vieira e Cláudio Marzo. A audiência de “Mulheres Apaixonadas” foi ainda maior que a de “Laços”, com média geral de 46,6 pontos no Ibope.

A essa altura do campeonato as histórias de Manoel Carlos se transformaram em figurinha carimbada no horário nobre da Globo. Muitos alegavam que tudo era muito repetitivo. Mas o autor não arriscou com uma trama diferente, e em 2006 vai ao ar mais uma trama contemporânea ambientada no Leblon. Pela terceira vez Regina Duarte interpretava a Helena da história, uma médica com pouca sorte no amor que encontra a razão de viver ao adotar uma menina com Síndrome de Down. Mas foi uma protagonista menos forte do que as outras que a atriz interpretou. Quem roubou a cena na trama foi a personagem de Lilia Cabral, vivendo a amarga Marta. Mesmo sendo uma das novelas mais criticadas de Maneco, “Páginas da Vida” foi o maior sucesso do autor, alcançando média geral de 46,8 pontos no Ibope.

Agora a bola da vez é “Viver a Vida” recém-estreada na faixa da 21h – que a Globo insiste em chamar de novela das 20h. As atenções agora estão voltadas para uma Helena diferente daquelas vistas até então. Interpretada por Taís Araújo, agora a protagonista de Maneco é uma mulher muito jovem, sem filhos, que vive mergulhada no mundo fashion das passarelas. O autor inovou, mas só um pouquinho. Não dá para deixar de mencionar que é uma protagonista negra, a primeira dessa faixa de novelas na Rede Globo, e que mais uma vez a figura feminina principal se envolve com o personagem de José Mayer. A novela estreou com média de 42 pontos. Sorte ao autor e à nova Helena.

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