quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

QUEM QUER VER UM BLOCKBUSTER?

Por Joannes Lemos

Uma multidão lotando as salas de cinema para assistir um filme é tudo o que produtores de cinema querem para suas obras. Conseguir que isso aconteça mesmo o filme não sendo um blockbuster arrasa-quarteirão é o que muitos outros ambicionam. Alcançar esse feito e ainda não deixar para ninguém na festa do Oscar® é o sonho de 10 entre 10 diretores.

Os ingredientes para fazer virar realidade o que está escrito no parágrafo anterior muitos têm, porém, poucos conseguem fazer dessa mistura um delicioso bolo apetitoso. Mas como sempre existe exceção, um inglês de nome Danny Boyle alcançou esse feito com maestria dificilmente vista. Seu mais recente filme, “Quem quer ser um milionário?” tem todas as características de um filme de sucesso: é campeão de bilheteria, de crítica e abocanhou nada mais nada menos do que oito estatuetas no Oscar® 2009 .

A história de Danny Boyle só perde para outras oito produções em quantidade de Oscar: “Ben-Hur”, “Titanic” e “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei”, que levaram 11 estatuetas cada um, “...E o Vento Levou” e “Amor, Sublime Amor”, com dez e “Gigi”, “O Último Imperador” e “O Paciente Inglês”, com nove cada.

A produção britânica de 2008 despontou como um intruso na lista de possíveis favoritos, afinal, um dos concorrentes na maior premiação do cinema mundial atendia pelo nome “O curioso caso de Benjamin Button”, mega-produção estrelada por Brad Pitt e cheia de efeitos visuais. A trama do galã do cinema norte-americano também é excepcional, mas ficou provado que para ser reconhecido não basta apenas abrir os cofres dos estúdios.

Completamente rodado na Índia, “Quem quer ser um milionário?” custou a bagatela de US$ 15 milhões, uma ninharia perto dos US$ 150 milhões que custou Benjamin Button. Aliás, o valor do filme estrelado por Brad Pitt foi a quantia que o filme de Boyle faturou até a postagem deste artigo (26/02). Ou seja, o filme rodado na Índia já rendeu 10 vezes mais. E vai faturar muito mais, pois esses números são de dois dias após a grande vitória no Kodak Theatre, em Los Angeles.

Outro fator que faz de “Milionário” um sucesso é o fato de não precisar chamar a atenção com grandes nomes do cinema. Todo o elenco é composto por atores indianos desconhecidos. Nomes como Dev Patel, Anil Kapoor, Saurabh Shukla, Raj Zutshi, Jeneva Talwar, Freida Pinto, Irfan Khan, Azharuddin Mohammed Ismail, Ayush Mahesh Khedekar, Sunil Aggarwal, Jira Banjara, Sheikh Wali, Mahesh Manjrekar, Sanchita Couhdary, Himanshu Tyagi (ufa, todos merecem ser citados) ficarão marcados na lista dos cinéfilos. São os atores bollywoodianos sentindo na pele o que é ser hollywoodiano.

São comuns as comparações do filme rodado nos subúrbios de Mumbai com “Cidade de Deus”, longa-metragem de Fernando Meirelles rodado no Rio de Janeiro. Mas as semelhanças são apenas de cenários, porque o roteiro é bem diferente. A produção de Meirelles mostra a vida em meio ao tráfico de drogas nas favelas cariocas entre os anos 1960 e 1970, abordando a briga de facções e a luta pelo poder em comunidades carentes. A história de Boyle mostra a história de um garoto muito pobre, que se inscreve em um quiz show da televisão indiana. Na verdade, a intenção de Jamal nem era ganhar 20 milhões de rúpias, mas sim fazer com que sua amada Latika o visse na TV e o encontrasse.

O jovem com poucas instruções, por uma obra do destino, teve a grande sorte de ser indagado justamente das questões que marcaram sua vida. Uma das perguntas era, por exemplo, quem foi o criador da arma de fogo. Quando criança, ele descobre isso por acaso, e se lembra no momento em que é sabatinado.

“Quem quer ser um milionário?” foi criticado por alguns indianos por mostrar o lado ruim da Índia. Na verdade o filme é realista, pois o país que vemos ali é mais factual do que aquele que temos visto em “Caminho das Índias”, novela global das 21h. As paisagens, os lugares, as ruas e as favelas indianas nos mostram a natureza paupérrima daquele povo. E nessa esfera um dos destaques do filme é a fotografia amarelada, que faz nossa atenção ficar redobrada, além de ser a cor da fortuna, já que lembra o ouro. Representa ainda o calor do povo indiano.

Por essas e outras, se você ainda não foi assistir “Quem quer ser um milionário?” não precisa se preocupar, afinal o filme acabou de estrear nas telonas do Brasil. E se você leu alguma crítica colocando o filme na lama não se surpreenda. Queira ver com seus próprios olhos a esse humilde blockbuster.

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns mais uma vez. Adorei sua crítica. Vc é meu Rubens Ewald Filho. Vai longe. Fiquei louca para assistir o filme.
Bjs

Grazielly disse...

também to doida pra ver este filme! bjus

Anônimo disse...

Joannes, parabéns! Nunca canso de deixar registrado aqui que você é ótimo, e como disse a Kátia vc vai longe tenho certeza.
vou assistir o filme...

bjs