quarta-feira, 26 de abril de 2006

CRONICAMENTE FALANDO - Nº 1

Faça a coisa certa
Por Joannes Lemos

De formato pequeno e moderno, de início ela não parece ter a finalidade que lhe cabe. Mas depois de ver seu pequeno visor e as teclas numéricas de 0 a 9, e, ainda, botões como confirma, corrige e o tão famoso branco, percebemos que sua função é aquela mesmo, a de decidir o que as pessoas querem para o seu futuro, ou quase isso. Ela exibe vários rostos, de figuras famosas, e outras, nem tanto. E também de pessoas completamente anônimas.Eu queria ser uma urna eletrônica – sim, estamos falando dela nessa crônica – para poder tomar minhas próprias decisões. Porque a gente sempre acha que o que a gente quer é o melhor para todos.Mas aí eu perceberia que não iria adiantar muita coisa, pois da mesma forma que existem milhares de pessoas, existem também milhares de urnas eletrônicas. Então, como eu faria para convencer as minhas milhares de companheiras da tecnologia do século XXI do Brasil, essas colegas modernas, de última geração, que estão servindo de modelo para várias nações, e que dificilmente tem crises de stress, precisando ser substituídas pelo jurássico sistema de cédula de papel, que elas têm que seguir pela mesma opção que a minha?A tarefa não seria fácil, pois convence-las não seria simples, visto que cada uma tem seu próprio chip, e outras são duras na queda, e não aceitariam quebrar o código de ética, mudando por conta própria os vários votos digitados em seus botões.Então perceberia que a melhor forma seria mesmo usar meu poder de convencimento, utilizando a palavra pura e simples, tentando me comunicar impondo respeito.Talvez se fosse rico eu poderia comprar algumas urnas, prometendo-lhes um software mais avançado, ou então, tela colorida com animação. Mas sou honesto e contra subornos.É, pelo visto, vida de urna eletrônica não é fácil e muito menos simples. Assim como a nossa, é cheia de problemas.Prefiro ser eu mesmo, pelo menos vivo 12 meses por ano, e não apenas bienalmente no mês de outubro. Se bem que no cenário atual brasileiro, viver e saber tudo que acontece o ano inteiro não é nada legal.Acho que prefiro mesmo ser uma urna eletrônica. Assim não corro o risco de ter meu celular roubado, ou ficar aleijado por bala perdida.

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