sexta-feira, 28 de abril de 2006

TV BEST BRASIL - Nº 2

O Futuro da Caixinha de Surpresas
Por Joannes Lemos

Ao longo da história da humanidade, a vida assistiu a diversas transformações, evoluções e atualizações. Atualmente, vivemos em um mundo onde tudo evolui rápido. Os desenvolvimentos da biomedicina, da informática e de várias tecnologias permitem que o homem viva melhor, com mais prazer e qualidade. E uma das formas que fazem com que as pessoas se sintam felizes e descontraídas é a TV, essa caixinha de surpresas que há 56 anos entrou nos lares brasileiros. Mas, o que teremos em nossas casas em breve não será uma simples caixinha de surpresas.
Já faz alguns meses que vem sendo amplamente discutido pelos meios de comunicação a implantação da TV Digital no Brasil. Mas esse tema já é discutido em nosso país há três anos, e, quando for definitivamente implantado, será a 2ª revolução na nossa tv. A 1ª foi a passagem do preto e branco para o colorido. Por enquanto, não existe nada de definitivo com relação ao padrão que o país irá adotar. Recentemente, foi divulgado que o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, junto com representantes de grandes grupos de comunicação, teriam optado pelo padrão japonês, mas ainda nada foi assinado.
Para entender o motivo desse imbróglio é preciso citar que existem no mundo três padrões de TV Digital:o padrão ATSC (Advanced Television Systems Committee), criado em 1994 e adotado pelos EUA, Canadá, México e Coréia do Sul; o padrão DVB-T (Digital Video Broadcasting Terrestrial), criado em 1996 e adotado por países da Europa, África, Ásia e Oceania, e o padrão ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial), criado pelo Japão em 1999 e usado, até o momento, somente por este país. No Brasil, depois de vários estudos e pesquisas para analisar os três padrões, e com forte influência das grandes empresas de telecomunicações, a disputa foi focada entre os padrões japonês e europeu. A diferença entre eles é que o padrão europeu (DVB-T) foi desenvolvido pensando na multiprogramação, ou seja, um canal que transmiti vários programas no mesmo horário. Já o sistema japonês (ISDB-T) investiu em alta e baixa definição, tendo como diferencial a possibilidade de transmitir o conteúdo da tv para celulares e aparelhos em movimento (como dentro de um carro).
A Rede Globo declarou publicamente que é a favor do sistema japonês. O diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt, afirmou que “o sistema adotado no Japão é o mais avançado tecnologicamente e o único a oferecer as características de alta definição, mobilidade e portabilidade no mesmo canal de televisão”.
Com todo esse impasse em torno do assunto, o Brasil é quem perde, ficando cada vez mais atrás no uso dessa nova tecnologia. Somos um dos poucos grandes países do mundo que ainda não decidiu qual padrão adotar. Outros mercados importantes em desenvolvimento, como o México, Índia e China já deram seus pontapés iniciais e largaram à nossa frente. Mas, depois de decidido o padrão a ser utilizado, todo o processo de migração para a TV Digital deve durar cerca de 15 anos, segundo especialistas. E quando a TV Digital for completamente implantada, um dos grandes atrativos será a convergência das mídias, ou seja, a utilização simultânea de diversos meios de comunicação pelo receptor de tv. Com isso, será possível acessar e-mails, consultar sites, fazer buscas, realizar compras pelo controle remoto, ter acesso a serviços de governo eletrônicos e uma infinidade de tarefas antes impensáveis para um simples aparelho de tv.
Todos os programas das emissoras – novelas, jogos de futebol e programas de auditório- serão gravados no formato digital. Isso significa que o nível de detalhes será muito maior. Nas novelas, será possível perceber truques como uma parede de papelão e isopor que formam um cenário, e será impossível disfarçar as ruguinhas das atrizes com maquiagem. Para aproveitar tudo o que a TV Digital irá oferecer, será necessário adquirir um televisor com sistema digital, as tvs da nova geração, com monitores de plasma ou LCD. No entanto, esses aparelhos custam muito caro, e a alternativa será adquirir um aparelho conversor, chamado “set top box”, que deverá custar entre R$100 e R$600, dependendo da tecnologia e recursos desejados.
Enquanto a TV Digital não é definitivamente adotada no Brasil, vamos ficando com água na boca com essa nova possibilidade de entretenimento. Mas é preciso deixar claro que não podemos nos preocupar apenas com a imagem de cinema, som de CD e alta definição que ela nos proporciona. Com a possibilidade de multiprogramação, a população merece que seja feita uma regionalização da produção, com mais programas locais, que destaquem as diversas culturas e comunidades, pois hoje o país inteiro é bombardeado pelas produções do eixo Rio-São Paulo. Com certeza, o bem maior que a TV Digital poderá trazer será a democratização dos espaços de comunicação
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